quarta-feira, 6 de março de 2013

Ex-ministro Antônio Magri agora quer ser ‘imorrível’


BRASÍLIA - O sindicalista Antônio Rogério Magri, hoje com 72 anos, foi ministro do Trabalho e da Previdência - era uma Pasta só - durante dois anos e dois meses no governo de Fernando Collor. Mas notabilizou-se mesmo por suas frases e expressões originais, como se considerar "imexível" - que não seria demitido, e foi; e por declarar que cachorro também é ser humano. Ele reapareceu agora em Brasília, para reuniões e atos da Força Sindical, e parece continuar com o tino e vocação para tiradas de destaques, sempre inovando no vernáculo.

Descontraído, sorridente e falante, Magri foi localizado na terça-feira pelo GLOBO num seminário sobre redução e extinção dos incentivos fiscais do ICMS, num pequeno auditório no subsolo da Câmara dos Deputados. Ele lembrou do passado de ministro, de suas frases e de seu retorno a Brasília.

- Não foram frases malditas, mas benditas. Se não fossem essas minhas declarações, você não estaria falando hoje aqui comigo - disse Magri, que, ao ser perguntado sobre o "imexível", lançou outra:

- O que quero mesmo é ser "imorrível".

Lembrado de sua outra famosa frase, que cachorro também é ser humano, Magri conta que "apenas" levou sua cachorra, uma dog alemã, chamada "Orca" e que estava pesando 90 quilos por estar prenha, para ser submetida a um parto.

- Foi numa Kombi (não disse se era carro oficial). Não tinha como levar num táxi.

Ele disse ter sido mal interpretado:

- Afirmei a um jornalista que, na minha casa, cachorro é ser humano. Aqui é tratado como ser humano.

Ele não acha que ficou mal na fita e acredita que até perdeu uma oportunidade de se eleger deputado.

- Se sou candidato e uso o slogan "você, que trata cachorro como ser humano, vote em mim". Estaria eleito - afirmou.

O ex-ministro, que deixou o governo após denúncias na sua gestão, comentou o retorno a capital federal e o casual reencontro no aeroporto com o ex-colega de Esplanada: Bernardo Cabral, ex-ministro da Justiça de Collor.

- Foi ótimo ter vindo aqui. Reencontrei o Bernardo Cabral e lembramos os bons tempos. Não posso ser ingrato com Brasília, tenho saudade dos grandes amigos que fiz aqui.

Hoje assessor político da Força Sindical e ainda filiado ao PDT, Magri diz que tem rodado o país para conversas e debates sobre questões trabalhistas e previdenciárias. Faz um balanço para lá de positivo de sua passagem pelo ministério:

- Diria que valeu a pena ter sido ministro. Quem regulamentou a Constituição de 88, nessa área, fomos nós. Eu e minha equipe. Os direitos do pescador artesanal na entressafa, por exemplo, quem garantiu fomos nós. Deixei o ministério com R$ 400 milhões no caixa. Se isso não é coisa boa, não sei o que é.

Magri fez uma revelação: detesta a vida parlamentar. Não nasceu para ela.

- Nunca gostei da política. Gosto é de viajar o Brasil e falar com as pessoas. Vida de parlamentar é difícil. Gosto mesmo é de amassar o barro com os pés, como faço.

Em 2000, Magri foi condenado a dois anos de prisão, após ser acusado de corrupção passiva. Segundo a denúncia do Ministério Público, o ex-ministro foi pego, em gravação de 1991 feita pelo então diretor de Arrecadação e Fiscalização do INSS, afirmando ter recebido US$ 30 mil por ter auxiliado na liberação de verba do FGTS para uma obra no Acre. Ele foi demitido em 1992.


De Evandro Éboli, jornal O GLOBO

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