domingo, 19 de fevereiro de 2017

A impopularidade de Temer


O governo de Michel Temer não pode ceder à tentação de se desviar do caminho da responsabilidade fiscal na vã tentativa de reverter o grande mau humor dos brasileiros em relação à sua administração, detectado em recente pesquisa de opinião.

Lançar-se ao populismo inconsequente neste momento, a fim de ganhar a simpatia do eleitorado, significaria uma desastrosa marcha atrás num processo que vem se revelando bem-sucedido em seu propósito de superar, com consistência, a monumental crise econômica legada pela imprudência lulopetista. Mais do que nunca, Temer precisa demonstrar firmeza de propósito e conduzir o País a porto seguro, sem cogitar – como já se ouve, aqui e ali, de auxiliares do presidente – de criar uma “agenda positiva”, que é o nome que se dá a iniciativas que resultam quase sempre em aumento dos gastos públicos...

De opinião, ESTADÃO

Os donos do País


Atolados em impopularidade e descrédito, os nossos políticos continuam fornecendo evidências de que desprezam os riscos do seu divórcio litigioso com a opinião pública. Mais que isso, dia sim, outro também, dobram a aposta na certeza de que vencerão a queda de braço com a população, a despeito da crescente impaciência coletiva.

Quanto mais os cidadãos exigem mudanças nos padrões moral e ético de suas excelências, mais são afrontados pelos senhores das casas legislativas e da máquina pública. Há quem suspeite, não sem lógica, que esse alheamento decorre de um fenômeno cósmico: a política brasileira é dominada por seres de outro planeta, de forma física e fisiologia idênticas à humana, mas que se movem segundo outra ordem de interesses e valores. Faz sentido… Afinal, não fosse essa a razão, o que explica a absoluta falta de constrangimento na conduta cotidiana da avassaladora maioria dos parlamentares e governantes? Só nos últimos dias, três episódios deram substância a essa tese. No primeiro, o peemedebista Romero Jucá apresentou projeto proibindo processar os presidentes da Câmara e do Senado por quaisquer crimes – inclusive matar a própria mãe – que tenham cometido antes de ungidos aos respectivos cargos. Desnecessário dizer que os alvos da proteção, Eunício Oliveira e Rodrigo Maia, estão citados nas delações premiadas da Lava Jato...

De Ricardo Boechat, ISTO É