Os médicos encarregados do atendimento das vítimas da boate Kiss estão, neste momento, empenhados em conseguir desintoxicar os pacientes que inalaram a fumaça tóxica produzida durante o incêndio. Exames de sangue feitos em 16 pacientes internados no Hospital de Caridade de Santa Maria e em três pessoas que estão no Hospital Universitário da cidade indicaram a presença de altas concentrações de cianeto, ou gás cianídrico – a substância mortal usada nas câmaras de gás dos campos de concentração nazistas. A maior dificuldade para esse tipo de tratamento é a falta, no Brasil, da hidroxicobalamina, antídoto injetável usado para desintoxicação.
Para conseguir o medicamento, foi preciso trazer um lote da substância dos Estados Unidos. Um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) chegará no sábado a Porto Alegre com o primeiro lote 140 kits de doses que serão distribuídas às unidades que receberam vítimas do incêndio. Os 140 kits foram doados pelo governo dos Estados Unidos.
O tratamento desse tipo de intoxicação é um desafio para as equipes médicas. Diretor clínico do Hospital Universitário de Santa Maria, Arnaldo Teixeira Rodrigues afirma que nem os médicos da unidade estão a par do prazo máximo para garantir os efeitos do medicamento que faz a desintoxicação. Os médicos envolvidos no tratamento estão em contato com especialistas de diversas partes do mundo para definir o protocolo de utilização da substância. Na tarde desta sexta-feira, cerca de 20 médicos brasileiros fizeram uma videoconferência com 15 entidades internacionais para discutir a melhor forma de tratar os pacientes intoxicados. (...)
De Leslie Leitão, André Eler, Marcela Donini e Cecília Ritto, revista VEJA
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