domingo, 6 de novembro de 2011

Ministério do Esporte doa R$ 753 mil a pista sem uso

Um ano depois do fim do contrato, "pista móvel" está abandonada em meio a poças de águas, com as placas soltas, em volta de um campo de futebol

Hoje secretário nacional de Esporte Educacional, Wadson Ribeiro, assinou o contrato para a primeira "pista móvel" oficial do mundo em 2009
Hoje secretário nacional de Esporte Educacional, Wadson Ribeiro, assinou o contrato para a primeira "pista móvel" oficial do mundo em 2009 (Elza Fiúza/ABr)
O abandono de placas de borracha destinadas a pistas de atletismo simboliza, no interior da Bahia, o descontrole e a falta de critério que tomaram conta do Ministério do Esporte. A pasta abraçou uma ideia de um professor de capoeira e presidente da Fundação de Apoio ao Menor de Feira de Santana (Famfs): transformar pneus velhos em pistas de atletismo. O resultado está nos galpões da entidade. O material está encalhado e abandonado.
O professor Antonio Lopes Ribeiro, presidente da Famfs, é parceiro antigo do Ministério do Esporte. Nos últimos oito anos, levou 60 milhões de reais da pasta em convênios dos programas Segundo Tempo e Pintando a Liberdade/Cidadania. Ele é personagem de dois inquéritos no Ministério Público por irregularidades no uso do dinheiro da pasta.
Com o discurso da sustentabilidade, o professor se ofereceu para receber dinheiro do Esporte pela produção, nas dependências de sua entidade, de pistas de atletismo com placas de resíduos de borracha. Em 2009, a fundação recebeu 753 mil reais para fazer uma pista de atletismo móvel, a "primeira oficial do mundo", segundo palavras do professor Lopes e do site do Ministério, e mais outras quatro fixas, todas com pneus velhos. O contrato foi assinado pelo hoje secretário nacional de Esporte Educacional, Wadson Ribeiro.
O convênio terminou em novembro de 2010. Um ano depois do fim do contrato, a "pista móvel" não saiu do lugar. Está abandonada, a céu aberto, em meio a poças de águas, desnivelada, com as placas soltas, em volta de um campo de futebol da fundação. E duas das pistas fixas estão encalhadas num galpão da instituição. Ao todo, ambas somam 40.000 placas de borracha em 10.000 metros quadrados.

De Agencia Estado/VEJA

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