Não fossem os seus amigos Hugo Chávez e Fidel Castro, que decidiram ser seus padrinhos, o boliviano Evo Morales teria uma trajetória semelhante a do brasileiro Mario Juruna, que conquistou um mandato parlamentar e sumiu na vida pública. Ele, na verdade, segue a cartilha dos dois, que, aliás, continua lendo. Depois da Argentina, que no final de abril teve 51% das ações da petroleira YPF/Repsol, que pertenciam aos acionistas minoritários, expropriadas pela presidente Cristina Kirchner, desta vez, foi o presidente boliviano, que, poucos dias atrás, anunciou a nacionalização da Transportadora de Eletricidade, empresa de transmissão de energia do grupo espanhol Red Eléctrica, determinando que os militares tomassem as instalações da companhia, argumentando apenas que o nível do investimento da companhia foi considerado insuficiente. Com o mesmo gesto do seu colega venezuelano, Morales resumiu tudo: “Como homenagem justa a todo o povo boliviano que lutou pela recuperação de seus recursos naturais, pela recuperação dos serviços básicos, nacionalizamos a Transportadora de Eletricidade em nome do povo boliviano”.
Lógico que Fidel Castro, ainda no poder, estimulou Chávez e Morales, aproveitando a decisão, durante uma cerimônia em homenagem aos trabalhadores, dois anos depois da nacionalização das principais companhias elétricas do país, que haviam sido privatizadas na década passada. Evo Morales não está falando sério, como afirma com toda convicção o analista de energia, Francisco Zaratti, argumentando que o problema da energia elétrica na Bolívia simplesmente não está no transporte nem na distribuição, mas sim na geração, atividade que o presidente também nacionalizou em maio de 2010, logo depois de assumir o controle das geradoras Corani, que pertencia à francesa GDZ Suez, como também a Guaracachi. De acordo com o analista, a medida parece responder mais a critérios políticos que a técnico-econômicos.
De Brasília em Dia
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