Nas duas últimas décadas, o Brasil foi aquilo que o economista Delfim Netto definiu como o último pernil com batatas disponível no mundo.
Com uma política de juros absurda, atraía capitais improdutivos que vinham aqui a passeio e geravam inúmeras distorções na economia – a começar pela taxa de câmbio apreciada.
Na quinta-feira 3, o pernil foi retirado da mesa, numa decisão que poderá vir a ser lembrada como o marco inaugural do governo Dilma. Até aqui, o que se viu foi apenas a faxina. Agora, começa a construção de uma nova arquitetura macroeconômica, a partir dos seus alicerces.
Ao mudar as regras da caderneta de poupança, o ministro Guido Mantega, da Fazenda, criou as condições para que o Brasil, finalmente, se torne um país normal. Onde a renda advém do trabalho e não da especulação.
Equivocadamente, a decisão do governo Dilma foi interpretada por lobistas da política rentista, que vigorou no Brasil nas duas últimas décadas, como uma guerra contra o sistema financeiro.
A guerra não é contra os bancos, mas contra uma postura conservadora de agentes financeiros que lucram bilhões sem assumir riscos, entesourando capital e emprestando o dinheiro dos depositantes para o governo.
Na Europa, na Ásia e nos Estados Unidos, existem bancos fortíssimos que ganham muito dinheiro realizando sua atividade básica, que é a de financiar o desenvolvimento.
De Leonardo Attuch/IstoÉ
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