quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

'Grampos' da PF revelam: José Sarney articulou para 'melar' julgamento das penas do mensalão


A revista Época desta semana revela, pela primeira vez, um elo entre a quadrilha que fraudava pareceres técnicos, desbaratada em novembro pela Polícia Federal na operação “Porto Seguro”, e o “caso mensalão”. A revista teve acesso a um relatório da PF, baseado em escutas autorizadas pela Justiça, sobre 18 autoridades com foro privilegiado que conversavam com integrantes do grupo criminoso comandado pelos irmãos Paulo e Rubens Vieira e pela chefe de gabinete da Presidência da República em São Paulo, Rosemary Nóvoa de Noronha – que se apresentava como namorada do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo a revista Época, no documento, de 98 páginas, há um capítulo para cada uma das autoridades. O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), é uma delas.

De acordo com a publicação, o relatório da PF afirma que no dia 2 de novembro, quando os ministros terminavam de definir as penas dos réus já condenados do mensalão, o empresário e ex-senador Gilberto Miranda, Sarney e o jurista Saulo Ramos – os três amigos de longa data – jantaram na casa do primeiro. O objetivo do encontro seria bolar soluções jurídicas para atenuar ou adiar as penas dos mensaleiros amigos dos quadrilheiros pilhados na “Porto Seguro”. Um diálogo grampeado no dia 5 de novembro, entre Gilberto Miranda e o mensaleiro condenado Valdemar Costa Neto não deixa dúvidas de que havia uma articulação para ‘melar’ a definição das penas.

No diálogo, Gilberto Miranda insiste para que o deputado federal Costa Neto tente contratar Saulo Ramos, revelando o que o jurista teria dito, na reunião da qual também participou José Sarney: “Ele [Saulo Ramos] falou: ‘Gilberto, se eu rever, se eu der a redação final, eu seguro isso aí três anos”.

Segundo a PF, Gilberto Miranda patrocinava as propinas do grupo criminoso pego na “Porto Seguro” e usava a influência que detinha junto aos senadores do PMDB para fazer negócios no governo federal. (...)
 
De Oswaldo Viviane, Polítca, Jornal PEQUENO

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