A revista Época desta semana revela, pela
primeira vez, um elo entre a quadrilha que fraudava pareceres técnicos,
desbaratada em novembro pela Polícia Federal na operação “Porto Seguro”, e o
“caso mensalão”. A revista teve acesso a um relatório da PF, baseado em escutas
autorizadas pela Justiça, sobre 18 autoridades com foro privilegiado que
conversavam com integrantes do grupo criminoso comandado pelos irmãos Paulo e
Rubens Vieira e pela chefe de gabinete da Presidência da República em São Paulo,
Rosemary Nóvoa de Noronha – que se apresentava como namorada do ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo a revista Época, no documento, de 98 páginas,
há um capítulo para cada uma das autoridades. O presidente do Senado, José
Sarney (PMDB-AP), é uma delas.
De acordo com a publicação, o relatório da PF
afirma que no dia 2 de novembro, quando os ministros terminavam de definir as
penas dos réus já condenados do mensalão, o empresário e ex-senador Gilberto
Miranda, Sarney e o jurista Saulo Ramos – os três amigos de longa data –
jantaram na casa do primeiro. O objetivo do encontro seria bolar soluções
jurídicas para atenuar ou adiar as penas dos mensaleiros amigos dos
quadrilheiros pilhados na “Porto Seguro”. Um diálogo grampeado no dia 5 de
novembro, entre Gilberto Miranda e o mensaleiro condenado Valdemar Costa Neto
não deixa dúvidas de que havia uma articulação para ‘melar’ a definição das
penas.
No diálogo, Gilberto Miranda insiste para que o
deputado federal Costa Neto tente contratar Saulo Ramos, revelando o que o
jurista teria dito, na reunião da qual também participou José Sarney: “Ele
[Saulo Ramos] falou: ‘Gilberto, se eu rever, se eu der a redação final, eu
seguro isso aí três anos”.
Segundo a PF, Gilberto Miranda patrocinava as
propinas do grupo criminoso pego na “Porto Seguro” e usava a influência que
detinha junto aos senadores do PMDB para fazer negócios no governo federal. (...)
De Oswaldo Viviane, Polítca, Jornal PEQUENO
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