Não critiquem a Copa. Não percam tempo com corrupção, superfaturamento, desperdício de dinheiro. E pensem na festa. Este é o conselho do ‘homem-teflon’, o amigo íntimo do Fuleco…
Ele é um homem feliz.
Nasceu com o dom para jogar futebol.
Foi um dos melhores de todos os tempos.
Milionário, poucos se lembram que nasceu em Bento Ribeiro.
Do bairro pobre do Rio partiu para os melhores lugares da Terra.
Feio, foi rejeitado pelas meninas na infância.
Mas a bola fez milagres.
Teve e tem mulheres belíssimas.
As troca sem a menor cerimônia.
Com uma delas quase se casou com a bênção do papa.
E com o U2 comandando a trilha sonora.
Para não ostentar demais, se conformou com a festa em um castelo na França.
Em uma de suas noitadas, levou três travestis para o motel.
Um deles declarou que ele os chamou e pediu cocaína.
Houve um escândalo internacional.
Fosse com qualquer outra pessoa, ninguém esqueceria um dia sequer.
Mas com ele, nada de ruim gruda.
Parece feito de teflon, material de frigideiras que não precisa de óleo.
E o destino ainda quis que o travesti falante, aliás o único, morresse.
Os outros dois simplesmente sumiram.
Assim como o seu escândalo em Presidente Prudente.
Quando saiu do famoso Pops Drinks.
Levava uma mulher e queria entrar com ela na concentração corintiana.
Gritou, xingou seguranças na porta do hotel.
Foi uma grande matéria da revista Placar.
Como por encanto, todos se esqueceram.
Comendo, bebendo e fumando muito, engordou demais no final da carreira.
Não se privava de nada.
E queria emagrecer.
A natureza não foi tão benevolente quanto os treinadores do Corinthians.
Mano Menezes e Tite fingiam não enxergar que ele mal conseguia andar.
Mas o escalavam assim mesmo.
E o time atuava na verdade com dez jogadores.
Tudo era quase impossível.
Andrés Sanchez demonstrava que era assim que queria.
Afinal, ele tinha carisma suficiente para atrair os patrocinadores.
Com o sorriso dos dentes separados e impressionante barriga, revolucionou o Corinthians.
Mais do que os milhões, a visibilidade que trouxe ao clube foi absurda.
Fez valer o apelido de Fenômeno.
Aprendeu todos os truques para atrair a atenção da imprensa.
Nos dois anos em que passou contundido.
Soube como divulgar sua imagem.
Nas mãos da Nike e do então seu assessor pessoal, Rodrigo Paiva.
Foi Paiva que o enfiou em todas as guerras possíveis.
Levou a mensagem da paz, animou crianças em hospital.
E teve a mídia a seus pés para sempre.
Após acabar a carreira quando quis, resolveu ganhar dinheiro.
Ou seja, mais dinheiro do que já tem.
A revista Alfa contabilizou seu patrimônio em R$ 600 milhões.
Se colocou como sócio em uma agência para administrar a imagem de ídolos noesporte.
Neymar, Ganso, Lucas, Anderson Silva foram correndo trabalhar com ele.
E outros jogadores importantes estão esperando na fila.
Ele não tem muito tempo agora.
Está aproveitando muito bem a perda de 20 kg.
Ganhou para fazer isso diante das telas.
Fez questão de mostrar a barriga imensa só de sunga.
E foi a atração principal no Fantástico.
No quadro Medida Certa.
Emagreceu diante dos olhos de milhões de telespectadores.
Seria um incentivo às pessoas obesas começarem a se exercitar.
Mas como ele não faz nada de graça, veio a revelação.
A Folha de S.Paulo descobriu.
Ganhou R$ 6 milhões para emagrecer.
Fora toda a exposição.
Esperto, perdeu peso e voltou a ser interessante para o mercado publicitário.
Perdia propagandas pela obesidade.
E elas vieram com tudo, com o final de sua participação no programa.
Esse homem é capaz do impossível.
Na despedida de Marcos, roubar a cena.
Chamar Edmundo para “apertar um” e beber depois do jogo.
Depois justificou que sempre brinca com Edmundo.
O gesto imitando fumar maconha foi mais uma brincadeira.
Assim como chamar para beber alguém envolvido em um acidente automobilístico.
Edmundo estaria alcoolizado quando, em 1995, bateu seu carro no Rio.
Morreram três pessoas.
Mas não importa, era só brincadeira do “homem-teflon”.
Edmundo até sorriu...
Mas além da agência, ele havia sido convidado para outra função.
Andrés Sanchez o reaproximou de Ricardo Teixeira.
Os dois haviam brigado depois da Copa de 2006.
Quando ele levava os jogadores da seleção para baladas até as 5h da manhã.
Em plena Copa.
Parreira não teve como segurá-lo.
Teixeira o considerava como o responsável pelo fracasso na Alemanha.
Mas como ele é feito de teflon, o dirigente resolveu esquecer.
Até porque precisava de um ídolo para a Copa do Brasil.
Em pesquisa, 70% da população liga a palavra corrupção com o Mundial.
E lá foi ele se transformar em um dos membros do Comitê Organizador Local.
Sua função é só aparecer nas obras da Copa.
E dar entrevistas favoráveis ao evento.
Pouco importa se ele está superfaturado, se exaure as finanças brasileiras.
Faz de conta que não percebe os elefantes brancos.
As péssimas condições dos trabalhadores na construção dos estádios.
Ele só sorri e quer que todos sorriam juntos com ele.
Quem não sorriu muito foi Andrés Sanchez.
Seu sonho sempre foi presidir a CBF.
Ambicioso, o nosso moço feliz se esqueceu de quem o levou para o COL.
E disse que estava, sim, disposto a assumir a CBF.
Nem se lembrou do seu mentor.
Mas o rancor dos inimigos não gruda nele...
Apoiou, defendeu, deu beijinhos em Ricardo Teixeira.
Quando ele caiu, foi embora para Boca Raton, ele se calou.
Esperou.
E não se arrependeu.
Marin e Marco Polo abriram os quatro braços a ele.
E assim como o ministro Aldo Rebelo.
Lá está ele em todas as entrevistas coletivas sobre a Copa.
Ele e o tatu Fuleco, sempre juntos, unidos.
Foi ontem que ele desabafou.
Não se conformou com jornalistas pressionando Valcke.
O secretário-geral da Fifa, que recebeu dinheiro para apoiar o Brasil na Copa.
Que fez sumir a intenção de a Colômbia ao menos tentar ficar com 2014.
E se irritou com a menção ao Catargate.
Ainda mais com o superfaturamento dos estádios, os gastos desnecessários.
As exigências absurdas da Fifa para uma competição de um mês.
Não era possível.
Os jornalistas tinham de falar de samba, dar uma piscadinha a Valcke.
E perguntar para o secretário: "Imagina na Copa?"
Ele se revoltou e pediu que a imprensa se entusiasmasse.
Fizesse como a população.
Mas do alto de onde está, o “homem-teflon” não percebe.
Confunde tietagem com o ídolo com entusiasmo pela Copa.
Não tem nem ideia do sacrifício que o País faz pelo Mundial.
As Copas do Japão, da Alemanha e da África.
Todas juntas não custaram o que sairá a nossa Copa.
Mas ele não quer saber de tristeza.
É um homem feliz.
E quer que todos sejam ou pelo menos se façam de felizes.
Que não incomodem a Fifa.
Não duvidem de Ricardo Teixeira, Andrés, Marin, Aldo Rebelo.
Nem dele.
Ídolo milionário, galã, enviado dos céus.
Se houve corrupção, deixem para lá.
Isso é bobagem.
O que vale é a alegria.
Os patrocinadores comemorando a superexposição.
O País pagando bilhões que não tem.
A felicidade contaminar a todos e valer reeleições importantes.
2014 é um ano eleitoral, não é uma bela coincidência?
Isso é que importa.
A felicidade, o entusiasmo.
Assim falou Zaratustra.
Não, perdão.
Assim falou o “homem-teflon” diante do espelho.
Imagina na Copa...
De Cosme Rímole, portal R7.
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