Ainda assim, Cristina será primeira chefe de Estado a ser recebida pelo Pontífice, antes considerado adversário político
BUENOS AIRES. Em setembro de 2010, um mês antes de morrer, o ex-presidente argentino Néstor Kirchner (2003-2007) foi internado e operado de urgência na clínica portenha Los Arcos. Na época, meios de comunicação locais informaram que o então cardeal e Arcebispo de Buenos Aires Jorge Bergoglio enviara um sacerdote de sua confiança para que oferecesse assistência espiritual à família presidencial. Por decisão da presidente Cristina Kirchner, indicaram as mesmas informações, o representante de Bergoglio foi expulso do hospital. O incidente confirma a tensão que sempre rodeou o relacionamento entre o novo Papa e os Kirchner. Hoje, Cristina será a primeira chefe de Estado a ser recebida pelo Papa Francisco e tentará dar novos contornos a seu vínculo com um homem que era considerado por ela e seu marido um forte adversário político. A presidente, opinaram analistas ouvidos pelo GLOBO, está ciente dos riscos de seguir os conselhos da ala mais radical do kirchnerismo, que questionou publicamente a escolha do sucessor de Bento XVI.
Ter uma disputa com um Papa já seria difícil, mais ainda tratando-se de um Papa peronista, que defende o combate à pobreza e a justiça social - afirmou Hugo Haime, diretor da Haime e Associados.
Na Argentina, como em muitos outros países, os primeiros gestos de Bergoglio como Papa despertaram grande entusiasmo na comunidade católica, que representa cerca de 75% da população. Ontem, por exemplo, foi realizada uma missa em homenagem a Francisco na Catedral Metropolitana da capital, presenciada por centenas de pessoas.
O governo, apesar de seus desejos e convicções, está condenado a buscar uma relação de harmonia com o novo Papa argentino - disse Juan Tokatlián, professor da Universidade Di Tella.
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De Janaína Figueiredo, jornal O GLOBO (foto: AP)
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