sábado, 22 de outubro de 2011

Segundo tempo: As mudanças no time da técnica Dilma são planejadas, e não forçadas



Para quem assiste ao jogo da arquibancada, há a sensação de que todas as mudanças promovidas no time da treinadora Dilma são causadas por motivos de força maior. Um jogador levou cartão vermelho, outro o terceiro amarelo e alguns quebraram a perna. 

É a tal “reforma ministerial forçada” diagnosticada por alguns analistas políticos. Dilma, sempre sorridente e solícita, nunca quis mexer nas peças e no esquema tático do antecessor Lula. Foi obrigada a promover substituições, contra a sua vontade e a reboque das denúncias da imprensa, por força das circunstâncias.

Mas será que isso é mesmo verdade? Tome-se o exemplo de Orlando Silva, do PCdoB. 
O ex-presidente da UNE nunca foi a primeira opção de Dilma para o Ministério dos Esportes – a presidente preferia a deputada gaúcha Manuela D’Ávila, também do PCdoB, para o cargo, mas atendeu a um pedido especial de Lula. Nelson Jobim, que estava comprometido até o pescoço com interesses franceses no Ministério da Defesa, era também uma demanda lulista, assim como Alfredo Nascimento, nos Transportes, e Antônio Palocci, na Casa Civil. Os únicos jogadores, dos que foram trocados, não impostos por Lula eram Wagner Rossi e Pedro Novais – neste caso, tiveram como padrinhos o vice Michel Temer e o senador José Sarney.

Na sua “faxina” ministerial, Dilma trocou os que nunca planejou ter no seu time, mas soube dar um basta quando os gritos da plateia começaram a ser dirigidos contra as peças diretamente escolhidas por ela – como Paulo Bernardo, Gleisi Hoffmann e Ideli Salvatti, todos do PT. Portanto, ela escalou e substituiu quem quis, mas fez tudo com maestria. Mandou para o chuveiro os jogadores que a incomodavam, sem se indispor com Lula nem com a torcida.

O fato é que o segundo tempo do jogo já começou. Não a segunda metade do governo Dilma, mas sim do projeto político que chegou ao poder em 2003. Ao se diferenciar sutilmente do antecessor, a presidente avança sobre o terreno da oposição, mantém a base aliada sob seu estrito controle e se cacifa para permanecer oito anos no poder. 

E se ela chegar a 2014 com os níveis atuais de popularidade, a torcida dificilmente pedirá o “Volta, Lula!” da geral. 



De Leonardo Attuch/ISTO É

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