É bom lembrar, porém, que a Bolsa está barata. Assim que ocorrer alguma melhora externa, o Brasil pode ser um dos primeiros beneficiados como em 2009, quando o Ibovespa disparou 82,66%. Mas não há garantias. Até lá, o dólar segue pressionado no Brasil.
Nessas épocas, ganha quem aproveitar ao máximo os incentivos fiscais previdência privada, fundos e papéis imobiliários (e do agronegócio) e, futuramente, infraestrutura, que também será isenta de Imposto de Renda.
Vale ainda investir em empresas de alta geração de caixa e boas pagadoras de dividendos.
Em tempo: com juros caindo novamente para um dígito, o governo Dilma Rousseff deve finalmente mexer no rendimento da poupança, que tem piso de 6,17% ao ano.
Como Dilma não é mulher de meias medidas (Lula chegou a anunciar uma complicada estrutura de IR para poupança), a expectativa é que a presidente limite sem dó esse rendimento com um percentual perto de 60% dos juros privados (CDI, taxa dos empréstimos entre bancos) e do público (taxa Selic).
Veja as dicas dos especialistas:
"Em 2012, invista em educação financeira. O retorno é garantido pela maior consciência do funcionamento do dinheiro em sua vida e pelas armadilhas financeiras das quais você escapará fazendo seu dinheiro render muito mais e trazendo liberdade."
Mauro Calil, consultor financeiro
Mauro Calil, consultor financeiro
"A volatilidade deve manter-se alta em 2012. Para o curto prazo, opte por produtos de renda fixa -há boas opções com títulos indexados a inflação. No longo prazo, oportunidades devem aparecer em ações e títulos corporativos."
Ricardo Mollo, professor do Insper
Ricardo Mollo, professor do Insper
"Na Bolsa, eu investiria no setor bancário, porque está atrelado ao mercado doméstico, ainda que sofra influência externa. O setor teve desempenho fraco em 2011, apesar dos bons balanços financeiros. A dica são as ações do BB e do Itaú."
William Alves, analista da XP Investimentos
William Alves, analista da XP Investimentos
"2011 foi um ano de incertezas para os investimentos, e 2012 não promete ser diferente. Isso significa que a recompensa para quem assumir riscos não tende a ser generosa. Portanto, colherá bons resultados quem adotar uma estratégia conservadora e souber minimizar custos e tributos dos investimentos. A regra de ouro será ter liquidez para quando surgirem oportunidades com risco reduzido."
Gustavo Cerbasi, escritor
Gustavo Cerbasi, escritor
"Eu acho que 2012 vai ser um ano ainda complicado, com sustos vindos de fora. Então uma dica é se manter líquido até um novo mergulho do mercado e aí entrar na Bolsa. Porque como já vimos antes, o mundo não acaba."
Paulo Levy, diretor do home broker da Icap
Paulo Levy, diretor do home broker da Icap
"Em 2012, as más notícias virão da China em função dos desdobramentos do estouro das bolhas imobiliária e de crédito, além da perda de reservas cambiais, menor crescimento global e perda de competitividade de seus produtos. A simbiose entre o Brasil e a China sugere que teremos dias muito difíceis pela frente. Como sempre, nesses momentos, o dólar e os fundos cambiais são os ativos preferidos. Peso zero em Bolsa!"
Marcelo Ribeiro, estrategista da Pentágono Asset
Marcelo Ribeiro, estrategista da Pentágono Asset
"O investidor tem de buscar ações de setores não cíclicos e de empresas boas pagadoras de dividendos. No geral, a relação risco/retorno não é favorável para as bolsas. Na dúvida, fique com a renda fixa, mesmo com a perspectiva de juros menores."
Lika Takahashi, estrategista da Fator
Lika Takahashi, estrategista da Fator
"Eu investiria em um portfólio que combine NTN-Bs (títulos do Tesouro Direto indexados à inflação), fundos multimercados e fundos de ações. Os fundos devem possuir mandato ativo, e a gestão deve ser de casas que possuam bom histórico e rigoroso controle de risco."
Ivan Guetta, sócio da GAP Asset Management
Ivan Guetta, sócio da GAP Asset Management
"As dicas na Bolsa são o setor de energia elétrica, pelos dividendos; setor de consumo, com destaque para o ótimo momento da Ambev; e o setor bancário, com atenção para o aumento de liquidez do Itaú Unibanco."
Leandro Martins, analista-chefe da Walpires Corretora
Leandro Martins, analista-chefe da Walpires Corretora
"Acredito em um cenário de inflação acima do centro da meta e de continuidade no processo de redução da taxa básica de juros em 2012. Com isso em mente, a NTN-B e demais títulos indexados a inflação são boas alternativas."
Rafael Paschoarelli, professor da FEA-USP
Rafael Paschoarelli, professor da FEA-USP
"O investidor deve ficar atento às oportunidades que podem surgir num cenário ainda conturbado. Fundos de dividendos e de empresas com bons fundamentos e diretamente influenciadas por medidas de incentivo podem ser boas opções."
Carlos Takahashi, presidente da BB DTVM
Carlos Takahashi, presidente da BB DTVM
"Quem não tiver perfil de longo prazo deve evitar investimentos mais agressivos, como ações e fundos mais arriscados. Os juros devem cair ainda mais em 2012, mas é importante lembrar que a renda fixa brasileira, ainda é uma das que melhor paga no mundo."
Alexandra Almawi, economista da Lerosa Investimentos
Alexandra Almawi, economista da Lerosa Investimentos
"É claro que depende do perfil de investimento, mas o ideal é começar o ano com posição mais conservadora, aplicando mais em renda fixa. Quem tiver 100% investido em ações, é bom baixar para 80%."
Julio Araújo, vice-presidente do Bradesco
Julio Araújo, vice-presidente do Bradesco
"Em razão da forte queda ocorrida na maioria das Bolsas de Valores, inclusive a brasileira, há boa chance de que o ano seja bom para as ações. No Brasil, aplicações em juros devem render taxa real na faixa de 3% a 5% ao ano, baixos para o padrão histórico do país."
Fabio Colombo, administrador de investimentos
Fabio Colombo, administrador de investimentos
"O cenário para 2012 será de incertezas, o que vai se refletir numa alta volatilidade nas ações. A renda fixa é o porto seguro para a maioria dos investidores, mas há uma boa chance de queda na rentabilidade. Já quem gosta de arriscar, pode considerar que as ações estão baratas e que vão subir assim que a crise passar."
William Eid Jr.
professor da FGV
William Eid Jr.
professor da FGV
"Vai piorar antes de melhorar. Em 2011, toda vez que o mercado melhorava era boa hora para vender. Agora, quando a Bolsa cair, será boa hora para comprar. Em ações, o ideal é buscar empresas com boa geração de caixa."
Paulo Corchaki, diretor de Gestão de Recursos do Itaú
Paulo Corchaki, diretor de Gestão de Recursos do Itaú
"Essa é uma pergunta difícil de responder, porque devemos levar outros fatores em consideração, como prazos e apetite ao risco. Mas eu acho que os fundos de renda fixa com crédito privado na carteira são interessantes sob vários aspectos. A taxa de juros no Brasil pode até deixar de cair neste ano, mas, no longo prazo, a tendência é de redução. E esses fundos podem se beneficiar."
Eduardo Castro, diretor do Santander Asset Management
Eduardo Castro, diretor do Santander Asset Management
"No primeiro trimestre, as coisas vão começar a melhorar nos EUA. No Brasil, medidas vão ser tomadas para que se reverta o crédito, entre elas o corte nos juros. Para quem quer começar o ano investindo, já é melhor começar em operação prefixada porque os juros vão cair e, provavelmente, vão ficar em um patamar mais baixo. A partir do segundo semestre, como consequência disso tudo, vai começar a melhorar o mercado de risco. As ações estão subvalorizadas e está todo mundo olhando o Brasil com outros olhos. Podemos ter um ano positivo nos mercados, mas poderá ter uma piora no início do ano."
Jason Vieira, economista da Apregoa.com e Banco Cruzeiro do Sul
Jason Vieira, economista da Apregoa.com e Banco Cruzeiro do Sul
"O primeiro trimestre de 2012 vai se comportar exatamente como o último trimestre de 2011, acompanhando o noticiário de Europa. Para quem almeja investimento de longo prazo, pode ser um bom momento para entrar na Bolsa com um preço razoável. No curto prazo, esse ajuste ainda é muito caro. Se essa crise ficar só nos governos e não contagiar a economia privada, a confiança pode ser retomada. Mais do que sanear a área fiscal dos países da zona do euro, é importante que a região volte a ter crescimento. Disso depende o preço das commodities, que é o alicerce de crescimento dos de mercados emergentes como o Brasil."
Andre Mello, analista da corretora TOV
Andre Mello, analista da corretora TOV
De GIULIANA VALLONE e TONI SCIARRETTA / FOLHA.COM
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