domingo, 29 de abril de 2012

Corrupção avança sobre os cofres dos pequenos municípios

Ouro Fino – A corrupção miúda, que não desvia milhões, mas leva propinas em pequenos contratos, é tão nociva quanto os grandes esquemas, alvos de investigação nacional e de grande repercussão. Programa de fiscalização da Controladoria-Geral da União (CGU) já investigou 1.941 municípios do país, com até 500 mil habitantes, e constatou falhas graves em 20% das cidades, sendo que nos 80% restantes são encontradas falhas médias. O Estado de Minas visitou quatro pequenas cidades nas regiões Sul e Norte do estado e detalha como os desvios de recursos e atos malfeitos dos administradores lesam a população, que deixa de ter necessidades básicas atendidas, seja uma creche não construída até um banheiro mal-acabado e repleto de defeitos.

Em Ouro Fino, no Sul de Minas, cidade de 31 mil habitantes, um esquema de corrupção foi desmanchado este mês pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG). Nove funcionários da prefeitura foram presos e cinco permanecem na cadeia. O efeito dos desvios pode ser percebido na construção inacabada da creche do Programa Pró-Infância, no Bairro Jardim Patrícia. Com previsão de término para 2009, a construção tem paredes erguidas, telhado e parte do acabamento, mas permanece sem janelas, portas e a cada dia que passa a depredação aumenta.

Em vez de crianças recebendo educação no horário em que os pais estão trabalhando, a creche é local de estrume de vaca e muros pichados. “Conto com a minha cunhada para levar o Davi à creche do outro lado da cidade. Não dá para ir a pé”, reclama o pai do menino de 4 anos, Alexandre Marcelino da Silva, que trabalha na empresa de chicotes elétricos vizinha da creche inacabada. Quem também passa aperto para deixar o filho na creche é Ana Cláudia Alves, mãe de Kauã Alves da Silva. “Saio do trabalho às 17h e tenho que ir correndo para dar tempo de buscar o Kauã. Fico triste porque a creche é feita com dinheiro da gente”, lamenta Ana Cláudia.
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De Estado de Minas

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