sábado, 18 de agosto de 2012

O Padrão suicida das greves


...
Provavelmente, a maioria dos leitores achará mesmo “exorbitantes” os salários iniciais da Polícia Federal. E mais exorbitante ainda o aumento exigido: eles querem R$ 12.000. De piso. Esse bando de baderneiros de uniforme e boné vem distribuindo bombons e pizzas nos aeroportos para famílias, assalariados, crianças e idosos. Reféns enfileirados por horas, impotentes diante de uma operação-padrão de chantagem.
– Vocês deveriam distribuir nariz de palhaço, não bombons! –, disse um passageiro aos policiais federais no aeroporto Juscelino Kubitschek, em Brasília.
Há 643.404 civis trabalhando para o Poder Executivo, ou seja, para Dilma. O piso dos auditores da Receita Federal, entre 2003 e 2010, deu um salto mortal (para nós, não para eles): foi de R$ 5.000 para R$ 13.600, um aumento 55% acima da inflação. É exorbitante. Mas eles não estão satisfeitos.
Lula alimentou, em seus mandatos, a megalomania das centrais sindicais, que estão se achando. Dilma demorou a reagir, o sentimento de onipotência se alastrou entre os servidores, mas agora a presidente precisa do apoio do país e da Justiça para não ceder aos grevistas.
Se as exigências fossem aceitas, o impacto nas contas públicas seria de R$ 92 bilhões. Não dá. Não existe. Ponto. Lula demorou a apoiar Dilma, mas elogiou a atitude da presidente na quarta-feira: “O dinheiro é curto”.
Os grevistas acusam “a mídia desinformada” de jogar a população contra os servidores parados há meses. Os grevistas produzem as manchetes e se ressentem delas.
Há, sim, categorias com salários defasados. Elas erram e perdem a força ao se unir a coleguinhas bem remunerados e ensaiar um rolo compressor. Os reajustes pedidos variam de 20% a 70%. Que país pode hoje conceder esses níveis de aumento?

De Ruth de Aquino, ÉPOCA

Nenhum comentário:

Postar um comentário