SÃO PAULO - Serra, Haddad e Chalita recorreram ao fantasma de Celso Pitta para tentar desgastar o fenômeno Celso Russomanno. Os três candidatos passaram a compará-lo àquele que ficou com a fama de pior prefeito da história de São Paulo.
O paralelo pode se revelar eleitoralmente eficaz, ou até mesmo profético, mas empregá-lo agora é uma injustiça com Russomanno. Pitta assumiu o cargo já envolvido no escândalo dos precatórios. E deixou a prefeitura com 13 processos na Justiça. Foi acusado de improbidade, enriquecimento ilícito e envio ilegal de dinheiro para o exterior. Morreu em 2009, vítima de câncer, um ano após ser detido numa operação da PF. Russomanno, que passou 16 anos na Câmara dos Deputados, não possui uma ficha corrida dessas para ser chamado de novo Pitta, ainda que exista contra ele uma história mal contada de uma funcionária do seu gabinete que, segundo testemunhas, dava expediente em sua produtora de TV.
Mas a comparação não é injusta apenas com Russomanno. É também com o próprio Pitta, que, apesar de tudo, tinha um currículo que o seu xará não tem. Pitta fez mestrado em Harvard, foi diretor administrativo da Casa da Moeda, ocupou cargo importante na Eucatex e foi secretário de Finanças de São Paulo. Além disso, para o bem ou para o mal, tinha uma equipe, originária do malufismo e do PFL: Reynaldo de Barros, Edevaldo Alves da Silva, Kassab etc.
Quem vai governar com Russomanno? A dez dias das eleições, sabemos da existência de Marcos Pereira, bispo licenciado da Universal, e de Campos Machado, que se diz herdeiro político de Jânio Quadros e está desde 1991 na Assembleia --um dos seus projetos mais rumorosos proibia adolescentes de fazer tatuagens mesmo com a autorização dos pais.
Se realmente for eleito, Russomanno pode, quem sabe, até dar certo na prefeitura. Mas, a bem da verdade, ele é uma aposta de risco maior do que foi Pitta em 1996.
De Rogerio Gentile, FOLHA
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