terça-feira, 6 de novembro de 2012

É preciso atenção redobrada com uma série de fatores que favorecem a volta da inflação

Em todo conto de fadas que se preze, para conquistar a formosa princesa, o príncipe precisa antes derrotar um temível dragão. Com a economia brasileira não foi diferente. Por quase duas décadas, nossa princesa do desenvolvimento foi refém do dragão da inflação.

A partir do Plano Real fomos gradualmente domando o monstro. O controle da inflação, somado ao aumento da população em idade de trabalho e aos impactos na economia brasileira da entrada da China na OMC, permitiu que a taxa média de crescimento do PIB do País a partir de 2004 fosse o dobro da média dos 24 anos anteriores. Além disso, a distribuição de renda melhorou muito.


Desde 1999, o dragão inflacionário brasileiro esteve amarrado a um tripé chumbado firmemente. Sua primeira perna é o regime de metas de inflação. À medida que elas foram sendo atingidas, a credibilidade do regime e sua capacidade de balizar as expectativas inflacionárias

e de reduzir o risco de uma aceleração foram crescendo.

A segunda perna do tripé é o câmbio flutuante. Quando a economia mundial está aquecida, os preços das matérias-primas que exportamos sobem e as entradas de capitais no país aumentam, valorizando o real e barateando produtos importados, o que segura a inflação.


A terceira perna é a política de superávit primário do governo. Além de garantir a solvência brasileira – evitando que o País passe por uma crise similar à de muitos países europeus –, essa poupança pública para pagamento de juros limita os gastos do governo, reduzindo o risco de que a demanda interna se aqueça e alimente a fogueira inflacionária.

...

Em resumo, se o governo não voltar a reforçar o tripé anti-inflacionário, não se assuste se encontrar o dragão inflacionário voando cada vez mais alto e levando com ele nossa princesa do desenvolvimento.

De Ricardo Amorim, ISTO É

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