BRASÍLIA - O cenário internacional desfavorável para as exportações e a maior remessa de lucros e dividendos ao exterior levaram o Brasil a registrar, em março, o maior déficit em transações correntes para esses meses em mais de três décadas.
Segundo divulgou o Banco Central nesta quarta-feira, a conta corrente do país teve saldo negativo de 6,873 bilhões de dólares no mês passado, recorde para março desde o início da série histórica, em 1980. No acumulado do primeiro trimestre, o déficit bateu em 24,858 bilhões de dólares, o dobro do saldo negativo em igual período do ano anterior.
"Os dados do balanço de pagamentos mostram que há, claramente, deterioração da conta corrente. Por outro lado, não vemos cenário muito mais favorável para os Investimentos Estrangeiros Diretos (IED), que estão elevados mas não irão cobrir o déficit em 2013", comentou o estrategista-chefe do banco WestLB, Luciano Rostagno.
O déficit em conta corrente em março veio um pouco pior do que o esperado pelo mercado e também não foi compensado pelo IED que, em no mês passado, somou 5,739 bilhões de dólares, acima do esperado pelos especialistas.
Economistas consultados pela Reuters previam saldo negativo de 6 bilhões de dólares no mês passado na conta corrente do país, enquanto calculavam que o IED ficaria em 4,2 bilhões de dólares.
No acumulado em 12 meses encerrados em março, o déficit em conta corrente do país ficou em 2,93 por cento do Produto Interno Bruto (PIB), o pior resultado desde agosto de 2002, quando ficou em 2,97 por cento.
O desempenho ruim da balança comercial tem influenciado negativamente os resultados da conta corrente, devido ao cenário ruim do comércio externo. Em março, o país registrou superávit comercial de apenas 161 milhões de dólares, segundo o BC, muito inferior aos 2,024 bilhões de dólares vistos um ano antes.
Só na terceira semana de abril, o país registrou déficit comercial de 2,271 bilhões de dólares, pior resultado semanal. No ano, a balança comercial acumula saldo negativo de 6,489 bilhões de dólares.
...
De Luciana Otoni, agência REUTERS BRASIL
Nenhum comentário:
Postar um comentário