A crise que
toma conta das universidades federais, em greve há 60 dias, decorre não
do crescimento da área ou das “dores do parto”, no clichê dramático do
ministro Aloizio Mercadante. Decorre do inchaço irresponsável. Era
preciso pôr mais alunos da universidade pública federal? Digamos que
sim. Mas forçoso seria fazê-lo com qualidade, ou haveria o que antevi há
alguns anos: a “supletivização” do ensino universitário, uma espécie,
assim, de “Madureza” (lembram-se dela?) do terceiro grau. Ela está aí.
Dada a
realidade salarial do Brasil, os professores (ver post anterior) estão
longe de viver uma situação miserável. Cumpre, também, não absolutizar,
se me permitem a palavra, a pauta de reivindicações, mas é evidente que
os problemas que aí estão decorrem na falta de planejamento, da pressa e
do atabalhoamento. Lula e Haddad trabalharam para fazer volume, não
para qualificar o ensino universitário. Se salários e plano de carreira
são as questões mais candentes porque determinam, afinal, se os
professores voltam ou não ao trabalho, não se pode dizer que sejam as
mais sérias. Grave mesmo é a falta de infraestrutura de boa parte das
universidades federais. Os hospitais universitários, com uma exceção ou
outra, são verdadeiros pardieiros. Não satisfazem as necessidades nem
dos pacientes nem dos alunos. Numa universidade, há esgoto a céu aberto;
na outra, faltam luz e água; uma terceira fica num descampado — o
asfalto não chega até os muros da instituição. Em boa parte delas,
faltam prédios para abrigar os cursos. O país passará os próximos anos
tentando suprir essas lacunas. Lula “criou” as suas universidades para
que outros não pudessem criar mais nenhuma.
...
De Reinaldo Azevedo/VEJA
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