Detalhes das sessões de tortura sofridas por Dilma na ditadura militar têm intrigado os brasileiros, informa matéria publicada pelo 'New York Times' no sábado (4).
Com os avanços das investigações da Comissão da Verdade, muitas
informações dos abusos do regime que perseguiu seus opositores
políticos, incluindo a presidente, tornam-se públicas e vem "fascinando"
o país.
'Nem ódio, tampouco perdão', diz Dilma sobre tortura
Os detalhes revelados pelas investigações abrangem diversas vítimas e
algozes, e incluem os nomes dos torturadores de Dilma, como do oficial
de reserva Maurício Lopes Lima, 76. Lopes foi um dos alvos de "esculacho", protestos que tiram do anonimato os antigos militares com pichações e buzinaços na frente às suas residências.
A publicação explica a atuação de Dilma na clandestinidade nos anos
1970, com sua atuação na organização de esquerda Var-Palmares, sua
relação com o ex-marido Carlos Franklin Araújo e suas passagens pelas
prisões militares.
Desde de quando foi eleita, segundo o jornal, Dilma se recusou a fazer
papel de vítima, enquanto tomava medidas para aumentar a transparência
em relação aos dados dos anos da ditadura no Brasil.
PASSADO
O interesse faz parte da relação delicada com o recente passado
autoritário do Brasil, somado à grande popularidade da presidente, que
mesmo com a desaceleração da economia tem 77% de aprovação.
Os veículos de comunicação buscam conhecer cada vez mais a vida íntima
de Dilma, como seus hobbies, e também os relatos das sessões de tortura
que sofreu, diz o jornal norte-americano.
Os depoimentos da presidente sobre as sessões que sofreu vieram a
público em junho passado, com a revelação de que ela foi torturada
também em Juiz de Fora (MG), além de no Rio de Janeiro e em São Paulo,
como já se sabia.
Os relatos de Dilma contam como era a tortura, nas quais ela sofreu com sessões de palmatória, pau de arara e espancamentos.
PERFIL
A personalidade forte de Dilma, diz o texto, chama a atenção dos
brasileiros. Seu estilo "linha-dura" e sua fama de fazer chorar até
experientes chefes de governo com suas broncas transformou a presidente
em alvo de inúmeras sátiras e paródias, algo que seria impensável para
um presidente na ditadura militar.
O jornal compara a trajetória de guerrilheira de Dilma com a
ex-presidente do Chile, Michelle Bachelet, e o presidente do Uruguai,
José Mujica, também ex-militantes de esquerda que combateram regimes
totalitários em seus países na década de 70.
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