sábado, 26 de janeiro de 2013

Pendurado na ética da aritmética, o governador tucano apoia a instalação de um caso de polícia na presidência da Câmara



Em campanha pela gerência do Feirão da Bandidagem, o deputado federal Henrique Alves, como registra o comentário de 1 minuto para o site de VEJA, não precisou justificar sequer a demissão do bode Galeguinho para conseguir o apoio de Geraldo Alckmin. Para o governador paulista, o parlamentar do Rio Grande do Norte tem direito ao posto por fazer parte do que Ciro Gomes qualifica de “ajuntamento de assaltantes”.
“Sempre defendi o critério da proporcionalidade”, explicou-se depois de conversar com o candidato. “Me parece natural que o PMDB, que é o maior partido, tenha a presidência”. Eleito por milhões de brasileiros insatisfeitos com o governo lulopetista e inconformados com a corrupção institucionalizada, Alckmin avisou ainda antes da posse que “não é papel de um governador fazer oposição”. Acaba de mostrar que tampouco se opõe à decomposição moral do Congresso.
Só se opõe a evidências e verdades numéricas: na Câmara, o partido majoritário não é o PMDB, mas o PT, que apoia Alves em decorrência de uma tipo de acordo frequentemente revogado. Em 2001, por exemplo, estava combinado que Inocêncio Oliveira, do PFL, chefiaria a Mesa com o aval do PSDB e do PMDB. Aécio Neves entrou na disputa, os tucanos mandaram Inocêncio às favas, entenderam-se com o PMDB e o agora senador por Minas Gerais virou presidente da Câmara.
Ex-deputado federal, Alckmin conhece essa e outras histórias. O que faria se o PT resolvesse rasgar o acordo, optar por um candidato próprio e lançar José Genoino? Pelos critérios que adota, o governador de São Paulo certamente apoiaria o escolhido. A ética da aritmética não vê nada de mais na entrega da presidência da Câmara a um caso de polícia.

De Augusto Nunes, colunista, revista VEJA

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