Tucano questiona Bolsa Família
O aumento da violência no Brasil, e em especial no Ceará, pode estar relacionado às políticas sociais implantadas nos últimos anos pelo Governo Federal, segundo avaliação do deputado Fernando Hugo (PSDB), ontem, na Assembleia Legislativa. O parlamentar embasou seus argumentos com dados da publicação do Instituto de Pesquisas e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece) sobre o número de homicídios no Estado durante a década de 2000. Segundo a pesquisa, a partir de 2003, aumentou consideravelmente a criminalidade.Conforme disse, "só um ensandecido tem coragem de ser contra os programas sociais criados pelo Governo Federal, a partir do Governo Fernando Henrique Cardoso". Porém, o tucano defende que aliado ao Bolsa Família, as pessoas beneficiadas passem a trabalhar e recebam projetos de melhorias de suas vidas, assim como de inserção no mercado do trabalho. "Muitos disseram que eu era contra o Bolsa Família, mas é preciso que as pessoas estudem, porque a violência está reinando, assim como o consumo de drogas em todo o País", afirmou.
Publicação
Fernando Hugo afirmou ter procurado o presidente do Ipece, economista Flávio Ataliba, para que este lhe mostrasse os dados sobre a criminalidade e foi-lhe apresentado o artigo da publicação Enfoque Econômico, com um gráfico que apresenta que, a partir de 2003, quando o Bolsa Família foi implantado no Brasil, o crescimento dos homicídios por armas de fogo aumentaram.
Já o petista Dedé Teixeira chamou de "no mínimo descabida" a tentativa do deputado tucano em fazer uma ligação entre o Bolsa Família e o aumento da criminalidade no Estado. "Fortaleza foi a que mais cresceu o número de jovens e isso aumenta esses indicadores do Ipece. Mas isso não é evidenciado pela criação do Bolsa Família", afirmou, argumentando, ainda, que o programa virou um instrumento em que mais de 60 países procuraram o Brasil para incluir essa política em seus estados.
"Eu acho que partir desse pressuposto, citando essa informação, sugerindo que os deputados possam usar mais essas informações, nós queremos enfatizar isso. Existem diversos fatores que fazem com que se aumente a violência, principalmente, o consumo de drogas, que virou uma atividade econômica", pondera.
Wellington Landim (PSB) afirmou ter ficado preocupado com os dados do Ipece e declarou que, caso tenha consistência, será um "divisor de águas" das políticas públicas para a população. Ele propôs que os responsáveis pelo documento sejam convidados a mostrar, ao deputados, na Assembleia Legislativa, se existe uma ligação entre programas sociais e o aumento da criminalidade. Dedé Teixeira, no entanto, afirmou que 72% das famílias que recebem o Bolsa Família têm atividade complementar.
Ridícula
A líder do PT na Assembleia, Raquel Marques, chamou de "ridícula" a comparação de Fernando Hugo entre o aumento da violência e o Bolsa Família. Segundo ela, existem estudos acadêmicos que provam o contrário, mostrando que famílias que recebem o Bolsa Família aumentaram a autoestima e empreendem negócios de forma autônoma, o que, para a parlamentar, leva à garantia de inserção social e desenvolvimento da economia local para as comunidades.
O deputado João Jaime (PSDB) disse que o Bolsa Família pode não ser o responsável pelo aumento da violência, mas também não serviu para diminuí-la. Os tucanos reclamam uma contrapartida dos beneficiados com os programas sociais, como forma de a ajuda não ser entendida como uma esmola. Já Ferreira Aragão (PDT) ressaltou a importância do programa, mas alertou que só a educação resolverá o problema, sem, no entanto, entrar no mérito da discussão levantada por Fernando Hugo.
Leonardo Pinheiro (PSD), por sua vez, defendeu o programa e enalteceu a relevância do Bolsa Família. Porém, cobrou a concretização da transposição do Rio São Francisco, explicando que ele será melhor do que qualquer outro programa.
De jornal DIÁRIO DO NORDESTE (Foto: José Leomar)
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