Barack Obama ganhou as eleições presidenciais dos Estados Unidos
pela primeira vez, em 2008, sob o lema da mudança. Crítico da gestão de
George W. Bush, Obama atacava com vigor a guerra ao terror e as medidas
de vigilância adotada pelo antecessor republicano. Como presidente, no
entanto, manteve muitas políticas do antecessor. Em particular, renovou
Lei Patriótica (Patriot Act), assinada por Bush em 2001, após os ataques
do 11 de Setembro, uma lei que endurece a vigilância doméstica para
propósitos de segurança nacional.
Em um discurso no último dia 23, na Universidade de Defesa Nacional,
Obama defendeu as políticas de contraterrorismo de seu governo,
inclusive o uso dos famigerados aviões não tripulados, os drones. Em
determinado momento, reiterou o “orgulhoso compromisso com liberdades
civis” dos Estados Unidos para com seus cidadãos. “Nos próximos anos,
vamos trabalhar duro para obter o equilíbrio apropriado entre nossa
necessidade por segurança e a preservação das liberdades que nos fazem
quem somos.”
Mais uma vez, e assim como fazia George W. Bush, Obama usou a retórica
para maquiar a realidade. Na última quinta, dia 6, o jornal britânico
The Guardian obteve documentos que revelavam que a Agência de Segurança
Nacional (NSA) dos Estados Unidos criou um banco de dados com ligações
telefônicas e mensagens de voz de milhões de cidadãos, coletados de
pessoas que utilizam o serviço da operadora Verizon – a segunda maior do
país. um tribunal sigiloso, a Corte de Vigilância de Inteligência
Estrangeira (Fisa, na sigla em inglês), obrigou a companhia a fornecer
ao FBI (a polícia federal dos EUA), informações "constantes e diárias"
sobre ligações feitas dentro dos EUA e também para o exterior. A
autorização concedida pela corte secreta ao FBI data de 25 de abril, uma
semana depois do atentado na Maratona de Boston. A decisão é válida até
19 de julho e, de acordo com o Guardian, não há confirmação sobre
ordens semelhantes referentes a outras operadoras de telefonia. Em nota
oficial, o governo admitiu a medida e tentou justificá-la dizendo que se
trata de “uma ferramenta muito importante para proteger o país de
ameaças terroristas”...
De Rodrigo Turrer, revista ÉPOCA
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