O governo não está conseguindo cortar no lugar certo. Dados divulgados na sexta-feira mostram um excelente superávit, porque aumentou a arrecadação, mas os gastos de custeio não diminuíram. E os investimentos, que não podem ser cortados, ficaram contidos em relação ao ano passado.
O Brasil investe muito pouco. Para se ter uma ideia, o investimento público federal está em 1% do PIB; o de todo o setor público, em 2%, isso não é nada. E sempre foi baixo: no auge, chegou a 4%.
Dentro desse 1% o governo tem apostado em projetos controversos e buracos sem fundo do ponto de vista fiscal, como Belo Monte e trem-bala, que ninguém sabe quanto vão custar. Como já falamos aqui, há várias incertezas cercando as duas obras.
Quando converso com economistas, empreiteiras e engenheiros, eles dizem que, na verdade, ninguém sabe quanto vão custar.
Além disso, são discutíveis porque com o mesmo dinheiro podemos fazer outras coisas mais urgentes. E há ainda toda a polêmica ambiental em torno de Belo Monte.
Ou seja, além de estar cortando errado, o que se preserva de investimento é o mais polêmico. É isso que me preocupa no gasto público.
Por Miriam Leitão
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