Quando não procuram enquadrar os crimes denunciados no mensalão apenas como um delito eleitoral - o chamado caixa 2 - ou rechaçam a tese de uso de recursos públicos no esquema, advogados dos réus costumam convergir em outro aspecto durante suas sustentações orais.
Desde o início do julgamento, diante da Corte Suprema brasileira, os defensores têm recorrido rotineiramente a pessoas mortas ao questionar pontos da acusação formal da Procuradoria-Geral da República e alegar inocência de seus clientes. Um ex-dirigente de banco, um ex-presidente de partido e um ex-líder de bancada formam o grupo de citados já falecidos.
Na quarta-feira, as defesas de três ex-dirigentes do Banco Rural, réus no processo, sustentaram em plenário que os empréstimos tomados pelo empresário Marcos Valério na instituição foram obra exclusiva do ex-vice-presidente José Augusto Dumont. Ele morreu em um acidente em abril de 2004.
Ontem, o morto da vez foi José Janene (PR), ex-tesoureiro e ex-líder do PP na Câmara dos Deputados. As defesas do ex-deputado Pedro Corrêa e do deputado Pedro Henry (MT) sustentaram que parte do dinheiro do valerioduto serviu para custear campanhas do partido no norte do Paraná, base política de Janene. E que os saques feitos por um assessor do partido foram feitos por ordem do líder falecido. 'Henry nunca participou de negociações financeiras com o PT', disse o advogado José Antonio Duarte Alvares.
Janene foi denunciado e chegou a ser réu no processo por formação de quadrilha, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Morreu em setembro de 2010 e a ação contra ele foi extinta.
De O ESTADÃO
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