terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Dois casos de polícia vão chefirar o Carandiru sem grades



Em nações politicamente adultas, Renan Calheiros e Henrique Alves não passariam da primeira anotação no prontuário: antes da segunda patifaria, seriam transferidos da tribuna para um tribunal, teriam o mandato cassado e só voltariam ao Congresso para depor em alguma CPI ou, depois da temporada no presídio, fantasiados de turistas. Num Brasil com cara de clube dos cafajestes, o senador alagoano vai presidir a Casa do Espanto e o deputado potiguar vai administrar o Feirão da Bandidagem. Faz sentido.
Segundo os cânones da seita lulopetista, folha corrida é currículo, integridade é defeito e honra é coisa de otário. Como na disputas promovidas pela coluna para escolher o Homem sem Visão do Ano, as eleições dos presidentes do Senado e da Câmara confirmam que os congressistas votam no pior entre os piores. Quanto mais alentado o prontuário, maior é a chance de vitória. Assim tem sido nas eleições recentes. Assim será desta vez. Tanto o senador quanto o deputado agem no PMDB. Mas o ajuntamento que apoia a dupla inclui representantes de todos os partidos, incluídos os oposicionistas em férias há 10 anos.
Aos olhos dos turistas que visitam a Praça dos Três Poderes, o prédio que abriga os parlamentares brasileiros é uma bela amostra da grife Niemeyer. Visto por quem conhece as fichas dos inquilinos, o que já foi um Congresso é um acampamento de delinquentes com terno escuro e imunidade parlamentar. Virou um Carandiru sem grades. É natural que seja dirigido por casos de polícia.

De Augusto Nunes, Revista VEJA

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