sábado, 23 de março de 2013

Ajuste na mensagem do BC já mudou condições financeiras, diz Tombini



SÃO PAULO – O Banco Central (BC) já fez uma mudança de política monetária ao alterar sua mensagem junto ao mercado, com efeitos sobre a economia, mas outras ações podem ser adotadas como resposta à inflação, de acordo com a evolução dos indicadores econômicos. Esse foi o recado deixado pelo presidente do BC, Alexandre Tombini, a empresários e economistas durante evento realizado em São Paulo nesta sexta-feira.
Tombini afirmou que a comunicação é parte importante da condução da política monetária e o ajuste em suas mensagens “já determinou mudança relevante nas condições financeiras de modo geral”. Segundo ele, o BC tem comunicado à sociedade sua preocupação com o nível e a resistência da inflação nos últimos meses. Mas, dadas as incertezas remanescentes, a autoridade monetária tem atuado com “cautela”.
“Ações foram tomadas, mas é plausível afirmar que outras poderão ser necessárias. Para decidir sobre isso, o Banco Central irá acompanhar a evolução do cenário macroeconômico", disse.
Durante o evento, promovido pela Câmara de Comércio França-Brasil, Tombini não fez qualquer menção ao resultado do IPCA-15 de março, que mostrou inflação de 0,49% (dentro do intervalo esperado por analistas) e taxa de difusão alcançando 74,1%. Mas enfatizou a preocupação da autoridade monetária com o aumento da dispersão da inflação observada recentemente. “Pressões sazonais e pressões localizadas, entre outros fatores, contribuem para esse quadro de maior resistência", acrescentou.
“Nesse sentido, quero deixar claro que o foco da política monetária tem sido e continuará a ser exclusivamente a manutenção da estabilidade de preços”, afirmou o presidente do BC. Ele lembrou que a sociedade brasileira sabe que taxas de inflação elevadas geram distorções na economia, elevam os prêmios de risco, deprimem os investimentos, subtraem o poder de compra de salários e reduzem o potencial de crescimento da economia.
Tombini reiterou que várias ações permitiram que o país alcançasse um novo patamar para as taxas de juros, “mas isso não significa que os ciclos monetários foram abolidos”.
Em seu discurso, apresentou um quadro de retomada gradual do crescimento do Brasil e observou que, no primeiro trimestre, "provavelmente crescemos ao ritmo de 4% ao ano", enquanto a expectativa do mercado aponta expansão em 2013 ao redor de 3%.
“A demanda doméstica continua sendo o principal suporte da economia. A expansão moderada do crédito, a geração de empregos e a ampliação da renda continuam estimulando o consumo das famílias”, afirmou. “Esse ambiente tende a prevalecer neste e nos próximos semestres, quando a demanda doméstica será impactada pelos efeitos das ações de política recentemente adotadas, que são defasados e cumulativos.”
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De Lucinda Pinto e Aline Oyamada, jornal VALOR ECONÔMICO

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