SÃO PAULO - A fabricante de eletrodomésticos Mabe Brasil, pertencente ao grupo mexicano de mesmo nome, informa que entrou com pedido de recuperação judicial hoje, em Hortolândia (SP). A empresa tem fábricas em Campinas, Hortolândia e Itu, esta última fechada como parte deste processo.
A operação da Mabe no Brasil, que fabrica produtos de linha branca das marcas GE, Dako e Continental, “está com problemas relacionados à sua liquidez e condições próprias do mercado brasileiro, que afetam a viabilidade econômica da companhia”, informou a companhia por meio de nota.
No comunicado, a empresa diz que o processo de recuperação judicial tem a finalidade de sanear, estabilizar e dar continuidade à operação, para torná-la viável. “Vamos reestruturar a operação e cumprir com os compromissos adquiridos com consumidores, clientes, fornecedores, empregados e autoridades”, informou a empresa.
Demissões
O Sindicato dos Metalúrgicos de Campinas e Região afirma que a empresa demitiu 1.292 trabalhadores em suas fábricas de Itu e Campinas.
Segundo Claudio Rabelo Oliveira, sindicalista e funcionário da Mabe, foram demitidos 1,2 mil trabalhadores da fábrica de Itu. Além desses, foram demitidos outros 92 funcionários administrativos da fábrica de Campinas, onde os trabalhadores estão acampados em protesto pela decisão.
As fábricas de Campinas e Hortolândia têm juntas 2,6 mil trabalhadores que entraram em férias coletivas no dia 20 de abril e deveriam ter voltado ao trabalho ontem, dia 2. “Mas as fábricas não retomaram as atividades alegando falta de matéria-prima”, disse Oliveira.
Mercado e investimentos
No Brasil, a Mabe detém cerca de 20% do mercado de linha branca, que é liderado pela multinacional americana Whirlpool, com 40%. Em segundo lugar está a sueca Electrolux, que detém 30%.
Em entrevista ao Valor, em março, a empresa anunciou investimento de R$ 5 milhões no lançamento de uma nova linha de eletrodomésticos premium — a Continental One.
O Brasil representa 25% do faturamento mundial da fabricante, de US$ 4 bilhões em 2012, e é o maior mercado, à frente do México.
Procurada para comentar a decisão, a empresa disse que não vai se manifestar até que seja definida a estratégia de recuperação.
De Andréa Licht, jornal VALOR ECONÔMICO
Nenhum comentário:
Postar um comentário