terça-feira, 4 de junho de 2013

Brasil precisa rever política de comércio internacional


A indústria fará pressão por mais acordos internacionais, como mostra matéria publicada hoje no jornal “O Estado de S.Paulo”. O setor passou os últimos anos pedindo mais proteção, e agora percebeu que, na verdade, tem de ter mais integração.
Outro caminho é convencer o Itamaraty e o governo de que têm de fazer uma mudança radical de política, o que é mais difícil.
Até agora, a política foi não fazer acordos bilaterais e apostar que, um dia, a Rodada Doha será bem sucedida, salvando a lavoura e mudando o comércio internacional.
Para fazer mais acordos bilaterais, o governo tem de mudar a estrutura do Mercosul. Tenho ouvido cada vez mais especialistas falando que é preciso dar um passo atrás no bloco, para que ele deixe de ser uma união aduaneira para ser uma zona de livre comércio. Assim, o Brasil poderia fazer novos acordos bilaterais.
O país sempre achou que com acordos desse tipo seria enfraquecida a ideia de uma união aduaneira, mas México, Colômbia, Chile e Peru acabam de mostrar que não com a Aliança do Pacífico. O Brasil está há 20 anos construindo o Mercosul e, às vezes, entre ele e a Argentina há barreiras que nem numa zona de livre comércio são aceitas.
Entrevistei outro dia o economista José Tavares, que explicou que tudo o que aconteceu nos últimos anos não foi união aduaneira, mas zona de livre comércio – acordo para tirar o que cria empecilho ao comércio entre os países envolvidos. Quando há união aduaneira, cada passo que um país quiser dar tem de ser conversado com os outros. 
Temos de tentar simplicar o comércio internacional, não complicar.
O “Estadão” também mostra que os países da América Latina reduziram as compras do Brasil. De 2008 a 2011, o país perdeu US$ 5,4 bi, segundo o jornal.
Na área do comércio internacional, o Brasil tem de rever sua estratégia e talvez redesenhar o Mercosul para que ele tenha um novo modelo. Os especialistas dizem que o Brasil ficou parado, à espera da Rodada de Doha, enquanto o mundo andou.

De Miriam Leitão, jornal O GLOBO

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