Após a proclamação do resultado de 199 votos favoráveis ao governo e 272 contra, a ala do PMDB inclinada ao impeachment, liderada pelo deputado Lúcio Vieira Lima (BA), comemorou não só a nova derrota do Planalto, mas também o enfraquecimento do então líder da sigla na Casa, Leonardo Picciani (RJ), que evitara a indicação de nomes abertamente contra o governo para a comissão especial. Ao lado do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) e do governador do Rio, Luiz Fernando Pezão, Picciani compõe a tropa de choque do atraso contra o impeachment. Nos últimos dias, o trio fez toda a sorte de articulações no sentido de preservar a presidente. Ao contrário das alas do PMDB que querem retomar o protagonismo da legenda fundamental nas Diretas e para a redemocratização, construindo uma unidade nacional para tirar o Brasil da crise, esse grupo deseja que a sigla permaneça a reboque do Planalto. Não por um projeto de País, mas sim motivados por conveniências bem particulares. Em Brasília, Picciani passou a ser tachado de rei do fisiologismo, depois que se converteu ao governismo. Não por acaso. Além de endossar as indicações de Celso Pansera, para o ministério da Ciência e Tecnologia, e Marcelo Castro para a Saúde, Picciani emplacou afilhados políticos no Departamento Nacional de Produção Mineral, na Companhia Docas, na Companhia Nacional de Abastecimento e no Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária.
Ao contrário de Picciani, que depois de destituído da liderança do PMDB na última semana passou a trabalhar incessantemente para recuperar o posto, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), tem buscado ser discreto em meio ao cenário conturbado. Quer a crise longe da Casa. Não à toa, tratou de resolver em poucas horas o destino do colega Delcídio do Amaral (PT-MS), preso pela Polícia Federal acusado de sabotar a Operação Lava Jato. Aliado que é do governo, Renan não entrega seu apoio a preço de banana. Aproveita um governo tonto com as pancadas que tem levado para manter o apoio a Dilma em troca da influência em postos estratégicos em estatais e na Esplanada dos Ministérios. Não se sabe até quando, mas hoje o comportamento de Renan se guia pelos interesses do Planalto. Na avaliação do senador Álvaro Dias (PSDB-PR), Renan é um dos mais fiéis escudeiros do governo. Os tucanos acreditam que a tal Agenda Brasil, aquele o conjunto de propostas sugeridas pelo senador para tirar o Brasil do atoleiro, foi uma iniciativa pensada para desviar o foco da crise. Como se vê, não foi possível...
De Mel Bleil Gallo e Marcelo Rocha, ISTO É
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