Lima Duarte solta o verbo na première do filme e cobra mudança de postura do governo.
Longa-metragem de Marcos Paulo, que estreia nessa sexta-feira, leva para as telonas a história do maior assalto a banco no Brasil.
Com lançamento previsto para a próxima sexta-feira, 22 de julho, o longa conta uma história com personagens e motivações fictícias, mas retrata um dos episódios policiais mais polêmicos da história do Brasil: o assalto ao edifício do Banco Central (BC), em Fortaleza.
A ação dos bandidos, em agosto de 2005, surpreendeu a todos pela maneira silenciosa como foi conduzida: nenhum tiro foi disparado e ninguém testemunhou o assalto, que causou um rombo no BC de, aproximadamente, R$ 164 milhões. Anos mais tarde, diversos integrantes da quadrilha acabaram sendo presos. Mas os principais mentores do golpe ainda estão soltos e apenas R$ 27 milhões foram recuperados pela Polícia Federal (PF), segundo a produtora executiva do filme, Walquíria Barbosa.
O que mais revolta a produtora é justamente o fato de que os principais responsáveis pelo assalto não foram presos. “Se a Polícia Federal ainda não recuperou R$ 140 milhões, é por que ainda não prenderam os verdadeiros coordenadores da ação”, afirmou. Ela ainda critica a situação, alegando que “os mais de 60 criminosos que foram presos sofreram as conseqüências mais graves e estão pagando pelo crime cometido, e mesmo assim, os investigadores não conseguem chegar aos que faltam”.
Fomos à pré-estreia do filme e conversamos com alguns VIPs para saber o que eles pensavam sobre o assalto. O apresentador Bruno De Luca deixou escapar que “essa situação faz com que o povo brasileiro pareça estar torcendo pelos bandidos, já que roubar o Banco Central do Brasil representaria um crime perdoável, pois os políticos que comandam o governo, muitas vezes, são os mesmos que desviam dinheiro público”.
De Luca diz ainda acreditar que “esse tipo de filme traz à tona a questão das novas modalidades de crime nas grandes cidades, com requintes de sofisticação, cada vez mais elaborados e complexos”. Opinião que é compartilhada por Lima Duarte. O ator, que interpreta o delegado Chico Amorim, principal investigador da história, não acredita em uma melhora rápida e eficaz contra a violência. Para ele, falta vontade do governo.
Sempre irreverente, o eterno Sinhozinho Malta pergunta se ‘o mal, os bandidos e a polícia’ mudaram. “Pois bem, se as coisas são assim até hoje, precisamos de uma mudança de postura, tanto na sociedade, quanto no governo”, alertou.
Tonico Pereira, que interpreta o Doutor no filme, também deu sua opinião sobre a dura realidade da criminalidade em nosso país. De acordo com o ator, “falta uma maior integração cultural entre a sociedade (como um todo) e os políticos”. Ele diz também que “os governos nada fazem para melhorar sua imagem, manchada por escândalos e crises políticas".
Marcelo Novaes transitava tranquilamente, entre jornalistas e convidados da première. O caminhar tranquilo do ator contrastava com a agilidade de Márcio Garcia e sua mulher, Andrea Santa Rosa. O casal parece ter incorporado o espírito da trama e cruzou o tapete vermelho com a mesma velocidade e cautela com que os personagens atravessam o túnel no filme. Discrição total. Letícia Sabatella foi na onda do casal e seguiu direto para a sala de exibição.
Na livraria Saraiva, no primeiro piso do shopping onde ocorreu a première, o roteirista do filme e co-autor do livro, Renê Belmonte nos contou que a pesquisa para a criação do roteiro surgiu logo após o convite de Marcos Didonet, para realizar o filme. Didonet é sócio da produtora Total Entertainment, grande responsável pela realização do filme.
Belmonte diz ainda que um dos filmes que lhe ajudou a criar o roteiro foi “Efeito Dominó”, de Roger Donaldson. Lançado em 2008, o filme narra como foi o maior assalto a banco da história, ocorrido em 1971, na Inglaterra. “Assisti esse filme e usei-o como inspiração, mas tomei o cuidado de não deixar que isso influenciasse o Assalto ao Banco Central, para não virar uma simples cópia”, contou.
Outro co-autor do livro, J. Monteiro é policial federal e ajudou a Belmonte a construir o cenário de investigação da história. Ele diz que “a Polícia Federal conta com um banco de dados bem completo” e que isso facilitou o monitoramento dos suspeitos que participaram do crime.
“Tudo começou com a coleta de evidências na casa usada como base para a operação. A Polícia Federal tem um cuidado diferenciado com todo o ambiente onde o crime foi planejado. Durante a coleta de evidências, encontramos fragmentos que nos levaram aos nomes dos criminosos. A partir desse momento, acompanhamos os mesmos até que fosse possível realizar as prisões”, disse.
De Hloisa Tripan, portal JORNAL DO BRASIL
De Hloisa Tripan, portal JORNAL DO BRASIL
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