terça-feira, 19 de julho de 2011

Assalto ao Banco Central

Lima Duarte solta o verbo na première do filme e cobra mudança de postura do governo.

Longa-metragem de Marcos Paulo, que estreia nessa sexta-feira, leva para as telonas a história do maior assalto a banco no Brasil. 

Com lançamento previsto para a próxima sexta-feira, 22 de julho, o longa conta uma história com personagens e motivações fictícias, mas retrata um dos episódios policiais mais polêmicos da história do Brasil: o assalto ao edifício do Banco Central (BC), em Fortaleza.



Reunido, elenco do filme Assalto ao Banco Central posa para foto
Reunido, elenco do filme Assalto ao Banco Central posa para foto

A ação dos bandidos, em agosto de 2005, surpreendeu a todos pela maneira silenciosa como foi conduzida: nenhum tiro foi disparado e ninguém testemunhou o assalto, que causou um rombo no BC de, aproximadamente, R$ 164 milhões. Anos mais tarde, diversos integrantes da quadrilha acabaram sendo presos. Mas os principais mentores do golpe ainda estão soltos e apenas R$ 27 milhões foram recuperados pela Polícia Federal (PF), segundo a produtora executiva do filme, Walquíria Barbosa.
O que mais revolta a produtora é justamente o fato de que os principais responsáveis pelo assalto não foram presos. “Se a Polícia Federal ainda não recuperou R$ 140 milhões, é por que ainda não prenderam os verdadeiros coordenadores da ação”, afirmou. Ela ainda critica a situação, alegando que “os mais de 60 criminosos que foram presos sofreram as conseqüências mais graves e estão pagando pelo crime cometido, e mesmo assim, os investigadores não conseguem chegar aos que faltam”.
Fomos à pré-estreia do filme e conversamos com alguns VIPs para saber o que eles pensavam sobre o assalto. O apresentador Bruno De Luca deixou escapar que “essa situação faz com que o povo brasileiro pareça estar torcendo pelos bandidos, já que roubar o Banco Central do Brasil representaria um crime perdoável, pois os políticos que comandam o governo, muitas vezes, são os mesmos que desviam dinheiro público”.


Cartaz de anúncio do filme
Cartaz de anúncio do filme

De Luca diz ainda acreditar que “esse tipo de filme traz à tona a questão das novas modalidades de crime nas grandes cidades, com requintes de sofisticação, cada vez mais elaborados e complexos”. Opinião que é compartilhada por Lima Duarte. O ator, que interpreta o delegado Chico Amorim, principal investigador da história, não acredita em uma melhora rápida e eficaz contra a violência. Para ele, falta vontade do governo.
Sempre irreverente, o eterno Sinhozinho Malta pergunta se ‘o mal, os bandidos e a polícia’ mudaram. “Pois bem, se as coisas são assim até hoje, precisamos de uma mudança de postura, tanto na sociedade, quanto no governo”, alertou.
Tonico Pereira, que interpreta o Doutor no filme, também deu sua opinião sobre a dura realidade da criminalidade em nosso país. De acordo com o ator, “falta uma maior integração cultural entre a sociedade (como um todo) e os políticos”. Ele diz também que “os governos nada fazem para melhorar sua imagem, manchada por escândalos e crises políticas".
Marcelo Novaes transitava tranquilamente, entre jornalistas e convidados da première. O caminhar tranquilo do ator contrastava com a agilidade de Márcio Garcia e sua mulher, Andrea Santa Rosa. O casal parece ter incorporado o espírito da trama e cruzou o tapete vermelho com a mesma velocidade e cautela com que os personagens atravessam o túnel no filme. Discrição total. Letícia Sabatella foi na onda do casal e seguiu direto para a sala de exibição.
Na livraria Saraiva, no primeiro piso do shopping onde ocorreu a première, o roteirista do filme e co-autor do livro, Renê Belmonte nos contou que a pesquisa para a criação do roteiro surgiu logo após o convite de Marcos Didonet, para realizar o filme. Didonet é sócio da produtora Total Entertainment, grande responsável pela realização do filme.
Belmonte diz ainda que um dos filmes que lhe ajudou a criar o roteiro foi “Efeito Dominó”, de Roger Donaldson. Lançado em 2008, o filme narra como foi o maior assalto a banco da história, ocorrido em 1971, na Inglaterra. “Assisti esse filme e usei-o como inspiração, mas tomei o cuidado de não deixar que isso influenciasse o Assalto ao Banco Central, para não virar uma simples cópia”, contou.
Outro co-autor do livro, J. Monteiro é policial federal e ajudou a Belmonte a construir o cenário de investigação da história. Ele diz que “a Polícia Federal conta com um banco de dados bem completo” e que isso facilitou o monitoramento dos suspeitos que participaram do crime.
“Tudo começou com a coleta de evidências na casa usada como base para a operação. A Polícia Federal tem um cuidado diferenciado com todo o ambiente onde o crime foi planejado. Durante a coleta de evidências, encontramos fragmentos que nos levaram aos nomes dos criminosos. A partir desse momento, acompanhamos os mesmos até que fosse possível realizar as prisões”, disse.


De Hloisa Tripan, portal JORNAL DO BRASIL

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