Achei que o BC fosse ter mais força para resistir à pressão política para a redução da taxa de juros, mas cedeu. Ontem, economistas que fazem análises nos departamentos de bancos e consultorias previam manutenção da taxa, porque era a melhor coisa a se fazer diante do cenário internacional e da pressão da inflação ainda forte no Brasil; mas os operadores de mercado apostavam que o BC não aguentaria a pressão, tanto que os juros futuros caíram numa indicação de que os operadores apostavam que seria fraco diante da pressão.
Todo mundo quer que os juros caiam, mas o problema é quando isso acontece quando não há condições técnicas e com tudo dizendo o contrário. Isso pode alimentar a inflação, velho inimigo do Brasil. O IPCA está em 6,9% no acumulado em 12 meses, deve subir para 7,1%, enquanto a inflação de serviços está indo para 9%.
Os argumentos que o BC me deu após a decisão não foram convincentes. A situação internacional se deteriorou; o que importa é quando a desaceleração impacta favoravelmente os preços, derrubando-os, mas as commoditiues não estão em queda, pelo contrário, permanecem em alta ou em nível recorde.
Infelizmente, não há indicação de queda da inflação. No acumulado em 12 meses pode cair um pouquinho no fim do ano, mas não o suficiente para uma trajetória que satisfaça.
O BC tem de seguir políticas que levem a inflação para o centro da meta. Já adiou esse encontro para o ano que vem, mas agora há quem ache que jogou a toalha. Isso é perigoso. Ele estava construindo uma reputação de autonomia, mas ontem jogou tudo por água abaixo.
Por Mirim Leitão
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