quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

BC cria nova série e inadimplência da pessoa física vira 5,5%


Aconteceu como que num passe de mágica. O jornalista que cobre economia entrou no site do Banco Central e encontrou a seguinte informação na Nota de Política Monetária de janeiro:
"A taxa de inadimplência relativa aos créditos a pessoas físicas situou-se em 5,5%, após reduções de 0,1 p.p. no mês e de 0,4 p.p. em doze meses."
A taxa chamou atenção porque a inadimplência da pessoa física estava em 7,9% em dezembro. O que aconteceu de um mês para o outro?
A explicação da assessoria de imprensa do Banco Central é que agora a inadimplência da pessoa física é medida tanto pelo crédito livre, que está em 7,9%, quanto pelo crédito direcionado, que é de 1,8%. As duas misturadas deram a taxa de 5,5%.
Até aí, tudo bem, mais informação é sempre melhor do que menos informação. O estranho é que o Banco Central sempre olhou exclusivamente para a inadimplência dos recursos livres, porque os recursos direcionados são subsidiados, geralmente crédito imobiliário concedido pela Caixa. Esse crédito nunca foi referência para se medir a inadimplência porque tem condições especiais de juros e prazos.
Ter mais um indicador não seria nenhum problema, desde que o Banco Central mantivesse as duas informações no texto da Nota. A que sempre usou, de inadimplência de recursos livres, e a que passou a usar agora, com as duas misturadas. A inadimplência do recursos livre não é mencionada no texto, está apenas na planilha.
A Nota ganhou outras informações, mas também perdeu, como o estoque de crédito podre na economia, classificado como nível H. Ele vinha crescendo num ritmo de 15,8% em 12 meses até dezembro e agora só estará disponível nas Séries Temporais. Saiu da vitrine.
A mudança de metodologia em alguns dados também limitou as séries até março de 2011. Não será possível fazer comparações para datas anteriores a essa em algumas informações.


De Miriam Leitão, jornal O GLOBO

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