terça-feira, 23 de abril de 2013

Brasileiro perto de posto-chave no comércio global


O Brasil está apostando alto na campanha que pode colocar o primeiro brasileiro na diretoria-geral da organização que supervisiona US$20 trilhões (R$ 40,2 trilhões) em trocas comerciais em todo o globo - a Organização Mundial do Comércio (OMC).
O diplomata Roberto Azevêdo, candidato do país para substituir o francês Pascal Lamy, já visitou mais de 50 países desde dezembro e na segunda etapa da disputa, iniciada nesta terça-feira, e é visto como um dos favoritos em círculos diplomáticos, segundo informações da agência de notícias France Press confirmadas por especialistas ouvidos pela BBC Brasil.
Um website foi lançado para promover sua candidatura e a presidente Dilma Rousseff teria usado o encontro dos Brics do mês passado para pedir o apoio de países emergentes à sua postulação.
"Se ele vencesse, esse seria o mais alto cargo já ocupado por um brasileiro em uma organização da linha de frente da política internacional - grupo que também inclui ONU, FMI e Banco Mundial", explica Ivan Oliveira, coordenador de Estudos em Relações Econômicas Internacionais do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), centro de estudos ligado ao governo brasileiro.
Segundo Miriam Gomes Saraiva, professora de Relações Internacionais da Uerj e pesquisadora-visitante da Universidade de Oxford, no Reino Unido, a expectativa do Itamaraty é de que a conquista do cargo ajude a dar mais visibilidade a temas que interessam ao Brasil e a projetar o país no cenário internacional - embora, para ela, haja "exagero" nessas interpretações.
"Existe quase que uma obsessão do Brasil em conquistar cargos em organizações internacionais para ganhar projeção", diz Saraiva. "Ao menos no que diz respeito à OMC, porém, acho que essas expectativas estão um pouco exageradas dadas as limitações do cargo de secretário-geral - que não tem voz sobre as políticas da organização".
Oliveira concorda parcialmente com a observação. "É verdade que os ganhos seriam mais do que tudo simbólicos, pois a partir do momento em que fosse eleito, o papel de Azevêdo seria zelar pelos interesses da OMC, não de seu país. Mas também acredito que seria significativo para o Brasil se um nacional do país conseguisse inovar e criar estratégias para tirar da OMC do limbo em que a organização se encontra hoje", opina, referindo-se às paralisações das negociações multilaterais de liberalização do comércio.
Por outro lado, o analista do Ipea também não descarta a possibilidade de que o cargo também traga uma espécie de "efeito colateral" para o país, chamando atenção para políticas e práticas comerciais brasileiras que alguns veem como protecionistas - e que, nessa lógica, contrariariam os próprios fundamentos da OMC.
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De Ruth Costas, agência BBC BRASIL


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