O prefeito do Recife, Geraldo Julio (PSB), disse que o seu partido
deverá entregar todos os cargos que têm no governo da presidente Dilma
Rousseff se o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, acabar mesmo se
lançando candidato ao Planalto em 2014.
A declaração foi feita em entrevista ao Poder e Política,
programa da Folha e do UOL, anteontem. Geraldo Julio fez, entretanto,
muitas ressalvas sobre a consolidação da candidatura de Eduardo Campos
--que é o presidente nacional do PSB e um aliado histórico do PT.
O prefeito da capital pernambucana repetiu com muita ênfase o discurso
de seu padrinho político. "A antecipação do debate eleitoral para este
ano é inadequada (...) Nós deveríamos fazer esse debate em 2014, no ano
da eleição".
Geraldo Julio é uma criação política de Campos, que o lançou na vida
política eleitoral com sucesso no ano passado. Quando o prefeito da
capital pernambucana fala algo, entende-se no meio político que tudo foi
combinado antes com o governador. As declarações expressam o tom
desejado do chefe do PSB para 2014.
Enquanto deputados, senadores e aliados em geral de Campos têm declarado
que a candidatura ao Planalto é inevitável, o prefeito do Recife adota
um tom mais cauteloso.
Mas e na hipótese de Eduardo Campos se lançar candidato a presidente, o
PSB sai do governo? "Sim. [Vale] não só para o PSB. Para qualquer
candidatura", responde Geraldo Julio. Quando será o momento? "Acho que
isso depende do cenário político, do cenário econômico, de como o país
esteja andando. Eu acho que essas coisas não têm data marcada".
Embora a intenção real de Campos seja ser candidato ao Planalto, a
decisão pública só deve ser anunciada em março ou abril do ano que vem.
Foi nesse mesmo período, em 2010, que o PSB decidiu retirar a
pré-candidatura presidencial de Ciro Gomes para declarar depois apoio ao
PT e à Dilma Rousseff.
Geraldo Julio não vocaliza todos esses prazos, mas dá a entender que
agora o partido ficará apenas na retórica, sem tomar decisões concretas.
"É porque eu não colocaria a coisa como se já estivesse posta. A
candidatura já existe ou está definido que ela vai existir. Eu não
colocaria as coisas assim", declara o prefeito do Recife -que chega a
sugerir na entrevista que deputados e senadores do seu partido comentem
um erro ao falar como se a candidatura de Campos já estivesse definida.
De Fernando Rodrigues, jornal FOLHA DE SÃO PAULO
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