quarta-feira, 3 de abril de 2013

PSB entrega cargos quando Campos se lançar, diz prefeito do Recife

O prefeito do Recife, Geraldo Julio (PSB), disse que o seu partido deverá entregar todos os cargos que têm no governo da presidente Dilma Rousseff se o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, acabar mesmo se lançando candidato ao Planalto em 2014. A declaração foi feita em entrevista ao Poder e Política, programa da Folha e do UOL, anteontem. Geraldo Julio fez, entretanto, muitas ressalvas sobre a consolidação da candidatura de Eduardo Campos --que é o presidente nacional do PSB e um aliado histórico do PT.
O prefeito da capital pernambucana repetiu com muita ênfase o discurso de seu padrinho político. "A antecipação do debate eleitoral para este ano é inadequada (...) Nós deveríamos fazer esse debate em 2014, no ano da eleição".
Geraldo Julio é uma criação política de Campos, que o lançou na vida política eleitoral com sucesso no ano passado. Quando o prefeito da capital pernambucana fala algo, entende-se no meio político que tudo foi combinado antes com o governador. As declarações expressam o tom desejado do chefe do PSB para 2014.
Enquanto deputados, senadores e aliados em geral de Campos têm declarado que a candidatura ao Planalto é inevitável, o prefeito do Recife adota um tom mais cauteloso.
Mas e na hipótese de Eduardo Campos se lançar candidato a presidente, o PSB sai do governo? "Sim. [Vale] não só para o PSB. Para qualquer candidatura", responde Geraldo Julio. Quando será o momento? "Acho que isso depende do cenário político, do cenário econômico, de como o país esteja andando. Eu acho que essas coisas não têm data marcada".
Embora a intenção real de Campos seja ser candidato ao Planalto, a decisão pública só deve ser anunciada em março ou abril do ano que vem. Foi nesse mesmo período, em 2010, que o PSB decidiu retirar a pré-candidatura presidencial de Ciro Gomes para declarar depois apoio ao PT e à Dilma Rousseff.
Geraldo Julio não vocaliza todos esses prazos, mas dá a entender que agora o partido ficará apenas na retórica, sem tomar decisões concretas.
"É porque eu não colocaria a coisa como se já estivesse posta. A candidatura já existe ou está definido que ela vai existir. Eu não colocaria as coisas assim", declara o prefeito do Recife -que chega a sugerir na entrevista que deputados e senadores do seu partido comentem um erro ao falar como se a candidatura de Campos já estivesse definida.


De Fernando Rodrigues, jornal FOLHA DE SÃO PAULO

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