quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Dilma, Economist e nacionalismo

Dilma e Mantega (Foto: Antonio Cruz/Agbr)
Presidente Dilma não deve dar ouvidos à sugestão de demitir Guido Mantega (Foto: Antonio Cruz/Agbr)


O ano de 2013 mostrará se a revista britânica estava certa ou não ao pedir a cabeça do ministro Guido Mantega



A presidente Dilma Rousseff não gostou de ver a revista britânica The Economist sugerir a saída de Guido Mantega do Ministério da Fazenda. Compreensível. Dilma não pode ser acusada de prevaricação no cuidado com a economia brasileira, claramente sua prioridade desde que tomou posse, à frente até mesmo da famosa faxina política que por vezes realiza. Ela sabe da importância da tarefa e dedica uma enorme parte do seu tempo à sua realização. Não será a opinião de uma publicação jornalística que ditará como a presidente conduz a economia, muito menos, nas palavras de Dilma, “uma revista que não seja brasileira”.

Pois são com essas palavras que a presidente, no seu legítimo direito de descartar os conselhos de quem quer que seja, coloca os pés pelas mãos. No final de 2009, quando a então ministra Dilma começava a esquentar seus tamborins para a campanha presidencial do ano seguinte, a mesma Economist colocou o Brasil na Lua. Ou quase lá. Com uma foto do Cristo Redentor sendo lançado aos céus como um foguete, a revista dizia em sua capa que o Brasil “decolava”. “Sua decolagem é ainda mais admirável porque foi conseguida por meio de reformas e da construção democrática do consenso”, escreveu a publicação britânica. Ninguém no governo de Luiz Inácio Lula da Silva, muito menos Dilma, desqualificou na época as opiniões de “uma revista que não seja brasileira”. A liberal Economist, uma das mais importantes referências no mundo em economia e política internacional, dava seu selo de aprovação ao rumo que o Brasil tomava – e o governo brasileiro sorria. O caráter estrangeiro da sua opinião não a invalidou. Seu ponto de vista não foi julgado a partir de um nacionalismo estreito, mas apenas com base em seu mérito.
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De Rogério Simões, Economia, Revista ÉPOCA

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