O governo pediu para segurar o aumento do preço das passagens de ônibus no Rio e São Paulo e estuda uma maneira de conter o impacto do reajuste do preço da gasolina. Está voltando ao tempo da administração de preços. Apesar de isso ter um benefício para o consumidor num primeiro momento, acaba criando distorções na economia. Aconteceu isso no tempo da hiperinflação, é fora de propósito e do momento atual.
O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, confirmou hoje que recebeu um pedido do ministro Guido Mantega para empurrar para o fim do primeiro semestre o aumento do ônibus em São Paulo para, assim, diminuir a pressão nesse começo de ano.
Ele virou um administrador de preço. Mas a gente sabe que a economia tem que funcionar bem, com inflação baixa e preços livres. Os prefeitos costumam não reajustar os preços das tarifas de ônibus em ano de eleição, mas fazem isso logo no ano seguinte.
A inflação tem que estar baixa, porque a economia tem que funcionar bem, não porque os preços são administrados. No caso da gasolina, o governo controla o preço, há muito tempo congelado, o que desorganizou o setor. Vários efeitos colaterais são provocados por conta do preço congelado.
Agora, a gasolina deve ter aumento de 7%, e o governo já pensa em reduzir impostos – PIS e Cofins. Isso seria um incentivo ao consumo de um produto importado. Ele já tinha feito isso com a Cide, que incide sobre os combustíveis.
O país precisa de preços estáveis com os instrumentos clássicos de controle, política fiscal e monetária. O outro caminho nos levou à hiperinflação.
O governo está repetindo os mesmos erros do passado, anteriores ao Plano Real. Quando o ministro Mantega não está administrando preços, está fazendo truque contábil para fechar as contas.
De artificialismo em artificialismo, a economia brasileira vai criando problemas que terão de ser desarmados mais adiante.
De Miriam Leitão, Portal O GLOBO
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