Diferença entre a alta do combustível e do transporte e a queda da energia resulta em um impacto de 0,33 pontos no IPCA
RIO - As principais revisões de preços previstas para os primeiros meses deste ano - da gasolina, dos ônibus urbanos no Rio de Janeiro e em São Paulo e da energia elétrica - devem resultar em alta da inflação. Apesar da tentativa do governo de conter o custo de vida da família brasileira, o saldo entre as três pressões é positivo, com os reajustes da gasolina e do transporte superando os reflexos da queda da tarifa de energia elétrica.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cada 1% de reajuste da gasolina significa um impacto de 0,0389 ponto porcentual no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indicador de inflação oficial do governo. Caso o reajuste seja de 7%, como apurou o Estadão, o impacto positivo será, portanto, de 0,28 ponto porcentual. Junto com a revisão das tarifas de ônibus no Rio de Janeiro e em São Paulo, cujo impacto será de 0,58 ponto porcentual, as duas pressões teriam peso de 0,86 ponto porcentual no IPCA, segundo cálculo do economista do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV) André Braz.
Já a redução da tarifa de energia elétrica de 16% para o consumidor residencial significará uma retração do IPCA de 0,53 ponto porcentual. Com isso, o saldo entre os impactos das revisões de preço da gasolina, ônibus no Rio e em São Paulo e energia elétrica é de uma alta de 0,33 ponto porcentual do IPCA, diluído nos meses de janeiro e fevereiro.
Um reajuste do preço da gasolina nos próximos dias, como aguarda o mercado, aparecerá na proporção de um terço neste mês, com impacto de 0,09 ponto porcentual, e dois terços no próximo mês, de 0,19 ponto porcentual, projeta o Ibre/FGV. Esta estimativa levou à revisão pelo Ibre/FGV do IPCA deste mês de 0,75% para 0,84%. Para fevereiro, a revisão foi de 0,50% para 0,70%.
"Mas é preciso avaliar se a redução da energia terá efeito líquido de 16% para o consumidor, como espera o governo. As térmicas que estão sendo acionadas nesse período de reservatórios baixos poderão encarecer a conta de energia", alertou Braz.
O economista ressaltou que a revisão da tarifa de ônibus nas cidades do Rio e São Paulo podem ser diluídas nos indicadores de dois meses, dependendo de quando forem autorizadas. Se passarem a valer a partir do meio para o fim do mês, terão reflexo também no mês seguinte. Para o cálculo do impacto dos reajustes das tarifas de ônibus nos dois municípios, o Ibre/FGV considerou um aumento de 11,84% em São Paulo, referente à inflação acumulada nos últimos dois anos, desde o último reajuste; e de 5,5% no Rio, já anunciado pela prefeitura.
De Fernanda Nunes, Agência ESTADO
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