BRASÍLIA, Se TVs e chuveiros realmente tiverem que ser desligados em 2013 para racionar energia, o ano não poderia ser mais emblemático para a presidente Dilma Rousseff. E no pior sentido.
Dilma fez fama ao reformular o setor elétrico e procurar dar garantia à segurança do fornecimento de energia após a grave crise de 2001. Ela se vê agora diante de ameaças que poderão minar seus esforços de dar fôlego à indústria e reaquecer a economia, após dois anos de crescimento frustrante.
"Se começar a faltar eletricidade, e voltar o chamado apagão, isso teria um impacto negativo muito forte, com certeza... Por isso, ela e o governo estão irredutíveis que há zero chance de faltar eletricidade, apesar de especialistas dizerem que o risco é maior", disse à Reuters o cientista político David Fleischer, da Universidade de Brasília.
O "timing" para incertezas não poderia ser pior. Depois de um 2012 de economia ruim, cujo crescimento deve ser de cerca de 1 por cento, Dilma espera que as diversas medidas de estímulo tenham seus efeitos plenos neste ano, finalmente abrindo caminho para uma expansão de 4 por cento para 2013.
Um eventual racionamento de energia afetaria diretamente a indústria, setor que recebeu atenção especial da presidente em 2012 com diversas ações de incentivo ao investimento e competitividade, de olho numa recuperação que é bastante aguardada para este ano.
Menos energia, menos produção. E, possivelmente, menos emprego.
"Se houver outro pibinho como em 2012, você teria um impacto muito grande na população e na popularidade da Dilma, especialmente se começar a atingir emprego e inflação", disse Fleischer.
Dilma tem mantido níveis elevados de avaliação, com aprovação pessoal em 78 por cento, segundo pesquisa Ibope de dezembro, escorada principalmente na taxa de desemprego, cujo nível baixo é recorde. (...)
De Hugo Bachega, Aência REUTERS BRASIL
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