Nesta terça-feira, depois de atravessar mais uma noite à caça de alguma ideia que livrasse Lula das investigações da Lava Jato e de uma temporada na cadeia, o ex-governador do Ceará ergueu-se da cama excitado com o que lhe pareceu um plano perfeito: “Pensei: se a gente formar um grupo de juristas, a gente pode pegar o Lula e entregar numa embaixada. À luz de uma prisão arbitrária, um ato de solidariedade particular pode ir até esse limite”. Limite é o mais recente codinome de sequestro.
“Proteger uma pessoa de uma ilegalidade é um direito”, descobriu Ciro. Para garantir ao prisioneiro libertado “uma defesa plena e isenta”, Lula teria no bolso um pedido de asilo ao cruzar o portão da embaixada de um país governado por gente confiável. A Venezuela, por exemplo. Além do ambiente aconchegante, a sede da representação venezuelana tem espaço de sobra para abrigar o velho cúmplice de Hugo Chávez e Nicolás Maduro.
Para abrandar a solidão de um ex-presidente martirizado pelo desterro em seu próprio país, o idealizador do sequestro poderia também hospedar-se na Pensão do Lula ─ para sempre, de preferência. Mas é improvável que o chefão embarque no que é, mais que uma formidável ideia de jerico, uma operação criminosa que costuma dar cadeia até no Brasil. Se lhe restou algum juízo, Lula sabe que é muito mais seguro ser perseguido pela Lava Jato do que socorrido por Ciro Gomes.
De Augusto Nunes, coluna, VEJA
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